terça-feira, 30 de junho de 2009

Pesquisa beneficiará produtores de mel de Simplício Mendes - PI

Tábata Magalhães

Pesquisadores da Universidade Federal do Piauí pretendem aumentar a produção de mel no município de Simplício Mendes, localizado a 416 km de Teresina, a partir da aplicação de técnicas recomendadas para o manejo das abelhas africanizadas, espécie comum na região.

Segundo o orientador da pesquisa, doutor Darcet Costa Souza, as abelhas africanizadas são resistentes às doenças e adaptáveis ao clima quente, mas existe a necessidade de adequação do manejo para que se tenha um aproveitamento melhor da produção. “Boa parte das orientações técnicas para abelhas africanizadas foram aplicadas no eixo sul-sudeste, que é um clima diferente, não tem período seco. É preciso se adequar a tecnologia e colocar isso em teste na região semi-árida do Piauí”, explicou.





O manejo adequado consiste na substituição das abelhas rainhas africanizada, sombreamento dos apiários, fornecimento de alimentação e acompanhamento periódico das colméias. A partir do comparativo entre dois apiários convencionais e dois recomendados, com 20 colméias cada um, é feita uma avaliação da produção. “As técnicas tornam as colméias mais produtivas e as deixam preparadas para a época de ausência de chuvas, que geralmente começa depois dos quatro primeiros meses do ano”, informou o professor.

A pesquisa só será finalizada em 2010, mas, segundo Darcet Costa, ela tem apresentado bons resultados. “Já obtivemos uma produtividade maior nos apiários experimentais. Visto ainda que a tecnologia é de fácil aplicação e rentabilidade, ela é ideal ao pequeno produtor do sertão”, disse.




A partir dos resultados da pesquisa, cerca de 900 produtores da Associação de Apicultores de Simplício Mendes poderão ser beneficiados. “Divulgaremos um documento com os dados para que as técnicas recomendadas sejam utilizadas em campo. Não podemos perder de vista o baixo nível de formação dos nossos produtores, por isso há a necessidade de um trabalho continuado”, concluiu Darcet.

“Projeto da Suzano precisa de mais discussões no Piauí”, diz agrônomo

Tábata Magalhães

A implantação de 160 mil hectares de eucalipto pela indústria “Suzano Papel e Celulose” na região de Nazária está prevista para o próximo semestre no Piauí. Entretanto, o estudo de impacto ambiental proposto pela empresa ainda não convence os profissionais de meio ambiente do estado.

A ressalva é do professor doutor Arnaud Azêvedo Alves, coordenador do curso de Agronomia da Universidade Federal do Piauí e um dos participantes da audiência pública promovida pela Suzano neste mês. “As informações contidas no estudo da STPC Engenharia, responsável pelo projeto, são pontuais e têm um objetivo consolidado. Além disso, a própria Secretaria de Meio Ambiente do Piauí justifica que serão promovidas tantas audiências públicas quanto necessárias para o devido convencimento do Governo”, disse o professor.

Dos hectares de eucalipto que serão plantados, cerca de 50 mil hectares serão em propriedades de produtores, em sistema de consórcio, o que representa, para Arnaud Azevedo, uma área grande e com possibilidade de sofrer impactos ambientais.

“A exemplo do que ocorreu com a produção de cana-de-açúcar em São Paulo, de pastos no Rio Grande do Sul, tememos que a longo prazo o Piauí perca sua diversidade e se torne em um grande ‘deserto verde’, com baixa densidade demográfica e poucas opções para a manutenção de vocações locais como a caprinocultura e apicultura”, relatou.

Apesar dos ganhos financeiros sob a forma de divisas para o estado e a geração de emprego com a instalação da indústria no Piauí, para Arnaud é necessário um planejamento antes da instalação da Suzano. “Precisamos conhecer esta proposta de forma concreta para nortearmos o poder público na tomada de decisões, colocarmos nossas ideias e ouvirmos as dos técnicos, sociedade, legisladores e gestores”, ressaltou.

Veja mais:
http://www.gterra.com.br/empresarial/suzano-investira-us-22-bilhoes-no-piaui-nos-proximos-anos-14383.html

Você sabe o que é feito com o lixo hospitalar de Teresina?

Denise Cordeiro

Teresina é considerada um pólo de saúde para as regiões Norte e Nordeste do país. Maranhão, Ceará, Bahia, Pernambuco e Pará são os Estados que enviam mais pacientes para a capital piauiense para tratamento médico. Com tanta gente para atender, o lixo hospitalar da cidade cresce e as preocupações de como ele é armazenado, coletado e descartado no meio ambiente também.

Seringas, bolsas de sangue usadas, frascos de soro fisiológico, membros amputados em cirurgias. Tudo isso pode conter centenas das mais variadas bactérias e vírus nocivos aos seres humanos e o tratamento despendido a esse tipo de lixo deve ser especialmente observado.


Hospitais e prefeitura nem sempre se entendem quanto à questão de armazenamento e coleta, mas uma coisa é certa: Teresina ainda não possui local adequado para o despejo do lixo hospitalar produzido na cidade.

Apesar de a prefeitura informar que está sendo construído um aterro sanitário especializado para receber o que é descartado pelos hospitais, há muitos anos toda a coleta tem sido lançada em um aterro sanitário que não é o mais apropriado para a situação e a própria prefeitura admite. “Na verdade o que nós temos é um aterro controlado, e não um aterro sanitário, mas este já está sendo providenciado”, diz Marcílio Bona, engenheiro da prefeitura encarregado do aterro sanitário.

A questão da impermeabilização de solo e tratamento do chorume (dentro do lixo vai um líquido chamado chorume, que vem dos resíduos. O líquido vai para uma lagoa, onde passa por uma decantação e vai para uma segunda lagoa, onde é oxigenado para seguir para a estação de tratamento e só depois se encaminhado para os rios) é muito importante. “Por enquanto, nós não estamos fazendo isso. Esse chorume está sumindo através de evaporação e infiltração”, fala Bona.

Segundo ele, as obras do novo aterro precisaram ser paralisadas por causa das chuvas, o que atrasou sua finalização que ainda não tem prazo para conclusão. Por conta disso, a prefeitura tem trabalhado apenas com duas das oito células que serão construídas para o despejo do lixo hospitalar da capital.

Apesar do esforço atual da prefeitura, a existência de um lugar para se despejar esse lixo, por si só, não é suficiente para livrar o meio ambiente de possíveis contaminações. Os hospitais também precisam fazer a sua parte e é aí que mais problemas começam a aparecer.

Conversando com os três maiores hospitais públicos da cidade: Hospital Getúlio Vargas (HGV), Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER) - estaduais - e Hospital de Urgências de Teresina (HUT) - municipal - dizem que cumprem sua parte separando o lixo hospitalar ou biológico do lixo orgânico ou domiciliar, mas, o relatório feito pela prefeitura que discrimina quais instituições de saúde fazem a separação desse lixo nega que o HGV e a MDER façam a separação adequada.

É bem verdade que ambos possuem um abrigo para armazenar os resíduos separadamente até que o caminhão de coleta recolha-os, entretanto, apesar de seguirem as resoluções 358 do CONAMA (Conselho Nacional do meio Ambiente) e 306 da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) - que falam sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências -, todo o descartado pelas instituições fica no mesmo local, e apesar de ser guardado em sacos de cores diferentes, a prefeitura diz que não pode tratar os orgânicos separadamente, pois julga que não sejam discriminados como se deveria e o trata como se fosse todo hospitalar.

“Nós estamos tendo dificuldade porque os hospitais não tem separado o lixo orgânico do hospitalar. E, por considerarmos que ambos vem misturados dos hospitais, o aterro acaba sendo prejudicado, porque quanto mais lixo junto, pior para o solo. Além disso, a empresa também é prejudicada por recolher mais lixo do que nós (a prefeitura) a pagamos para coletar”, comenta Bona, explicando que a gestão municipal para o recolhimento de 80 toneladas de lixo hospitalar, mas a Quálix coleta em média 200 toneladas por dia.

De acordo com o engenheiro, apenas quatro estabelecimentos de saúde da capital fazem a segregação do lixo: Hospital São Paulo, Hospital Casa Mater, HUT e Hospital São Marcos.

Contudo, o HGV e a MDER rebatem as afirmações do órgão municipal. “Desde 2004, quando foi inaugurada a Central de Resíduos com a proposta de atender não só ao HGV como ao Ambulatório, o HEMOPI e o Hospital Infantil, nós temos trabalhado a segregação do lixo entre os grupos A (potencialmente infectantes), B (químico), D (comuns) e E (pérforo-cortantes), além do lixo reciclável. Todos são devidamente armazenados em sacos de cores diferentes. Apenas o grupo C (radioativos) não é tratado porque nós não trabalhamos com ele aqui no hospital”, disse a coordenadora da Central de Resíduos do HGV, enfermeira Odinéia Leite.

Ela ainda acrescenta que os grupos A, B e E passam por um autoclave - aparelho utilizado para esterilizar artigos através do calor úmido sob pressão - e, posteriormente, são levados para o aterro sanitário com um carro próprio do hospital, já que a prefeitura não envia um veículo adequado para a coleta desse material, ou seja, um coletor que não faça a compactação do lixo recolhido.

Perguntada por que a prefeitura considera que eles não separam o lixo, Odinéia fala que talvez falte comunicação entre o hospital e a administração municipal “O caminhão só passa aqui no hospital uma vez por dia. Eles precisariam mandar dois carros diferentes para buscar lixos diferentes em horários distintos. Acho que falta comunicação em relação a isso”.

Para confirmar a fala da enfermeira, a gerente do serviço de higiene e transportes do HUT, Silvete Dourado, conta que é exatamente como Odinéia sugere que acontece no estabelecimento. “O caminhão passa aqui duas vezes por dia (uma de manhã e outra à tardinha) para recolher os lixos domiciliar e biológico, é preciso que seja assim, já que são resíduos que precisam de tratamento diferenciado”, conta.

Sobre esse fato, Marcílio Bona informou que já planeja entrar em contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) para trabalharem esse entendimento entre o órgão e as instituições de saúde.

Mas até que tudo seja devidamente estruturado para evitar danos ao meio ambiente, os erros continuam e a degradação ainda não é controlada como a sociedade gostaria que fosse.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

“Lixo? Eu chamo isso de matéria prima fora da linha de produção”

Sanmya Meneses

Caminhões e pé na estrada. Por vinte anos essas foram as palavras de ordem para o motorista João Marçal de Bezerra. Trabalhando no transporte de garrafas pets e adubos orgânicos, o carreteiro começou a observar a riqueza do ‘lixo’ que ele conduzia.

Levado pela crise no setor de transporte, João Marçal foi obrigado a procurar alternativas para sustento. Com tesoura, garrafas pets e uma boa idéia, o ex-motorista de caminhão transformou o que antes era desperdiçado, em uma forma de ganhar a vida. Desde 2002, ele mantém uma empresa de fabricação de vassouras a partir do reaproveitamento de garrafas pet.

“Eu costumo dizer que essa idéia foi algo completamente inesperado. Já observando o material que eu transportava, resolvi pegar uma tesoura e colocar a ‘mão na massa’. No início foi muito difícil; mas com a prática eu fui entendendo o funcionamento da matéria prima. Hoje, eu utilizo o bisturi no lugar da tesoura, pois os resultados são bem melhores’, conta Marçal.



Produzindo cerca de 150 unidades por dia, o pequeno empresário conta com uma equipe de dois funcionários e mais três pessoas responsáveis pela coleta de garrafas nas ruas, além de dezenas de voluntários que também contribuem para que o trabalho seja realizado. “Uma ajuda bastante importante que eu tenho é da Rádio Pioneira de Teresina. Vários ouvintes me procuram e eu vou até as residências fazer a coleta das garrafas”, ressalta.

Mesmo com essa ajuda a carência de garrafas ainda é grande segundo o microempresário. Os produtos são fornecidos para hospitais, empresas e também para a Prefeitura Municipal de Teresina, totalizando cerca de 3.500 vassouras por mês. Produção essa, que segundo João Marçal poderia ser dobrada caso ele tivesse acesso a mais garrafas de plástico.


CONSCIÊNCIA AMBIENTAL E ECONOMIA

As vassouras de pet chegam ao consumidor final por um valor de R$ 4, 00, o que no bolso significa uma economia de até 50% em comparação as vassouras semelhantes que existem no mercado. Para a empregada doméstica Claudete Silva, as vassouras recicladas são muitas vezes mais eficientes do que as comuns. “Para alguns tipo de serviço, como lavar banheiros, essas vassouras são mais indicadas, e ainda duram bem mais tempo que as outras”, afirma ela.

Mais do que uma forma de poupar dinheiro, a reciclagem é uma ferramenta importante para a sustentabilidade do planeta, mas que ainda é pouco utilizada em Teresina. Segundo o ex-caminhoneiro, algumas visitas ao aterro sanitário da capital o fizeram perceber a quantidade de plástico e de material orgânico que poderia ser reaproveitado. “Eu não gosto nem de chamar isso de lixo, para mim isso é matéria prima fora da linha de produção”, afirma João Marçal.

Uma garrafa plástica pode levar um milhão de anos para decompor-se. Quando o plástico é depositado em lixões, os problemas principais são relacionados à queima ou ao acúmulo do material. O excesso de plástico no meio ambiente altera a decomposição dos materiais biologicamente degradáveis, comprometendo as trocas de líquido e gases necessárias para o processo de decomposição.

O microempresário esclarece que apenas 10% dos produtos comercializados em Teresina têm procedência da reciclagem. Os produtos mais freqüentes são as sandálias femininas da marca Gaúcha, que são comumente encontradas no centro da capital.

Entusiasmado, o empresário afirma que a reciclagem poderia ser uma alternativa para o desenvolvimento do Estado. “Além de empregos, a receita de ICMS (Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviços) gerado pela venda desses produtos iria contribuir para entrada de dinheiro no Piauí”.

Mais do que financeiramente recompensado, João Marçal se emociona ao falar que mais do que dinheiro a reciclagem proporciona que ele tenha diariamente um verdadeiro exercício de ajuda ao meio ambiente.


Fábrica de Vassouras de Garrafas Pets
Rua Gabriel Ferreira 1353- centro. Teresina -PI
Fone : (86) 3081 7274

Aprenda a fazer uma vassoura de garrafas pet



domingo, 28 de junho de 2009

Após a enchente, agricultores aproveitam umidade do solo para plantar novamente

Fonte: Globo Rural

Agricultores da zona rural de Teresina, que tiveram prejuízos com a enchente, estão recebendo sementes para um novo plantio. Eles querem aproveitar a umidade das áreas de vazante para recuperar parte das perdas.

O agricultor Adaildo Braga tem um pequeno terreno na zona rural de Teresina. Em Janeiro, plantou feijão, mas perdeu tudo com as enchentes que em maio destruíram as lavouras e deixaram mais de 60 mil pessoas desabrigadas no Estado.

Agora, é hora de plantar novamente. Como o último período chuvoso foi intenso, na região será possível colher feijão e milho até o final do ano.

A área que foi alagada se transformou em terra fértil. A umidade do solo é o que vai garantir o crescimento da planta, sem depender de chuvas. É a chamada agricultura de vazante.

A distribuição das sementes vai até o fim de junho. Cada família receberá da prefeitura cinco quilos de feijão e três quilos de milho. Na margem do Rio Parnaíba. Sessenta famílias já iniciaram o plantio com as sementes que receberam do governo.

Segundo a Emater, Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Piauí, cinquenta e cinco toneladas de sementes de arroz, feijão e milho já foram distribuídas aos agricultores do Estado. São sementes para o plantio de vazante.


Assista o vídeo abaixo.


sexta-feira, 26 de junho de 2009

Moda ecológica: peças confeccionadas a partir de garrafas pet ganham espaço nos guarda-roupas

Clara Rocha

Preservação ambiental também está na moda. Há algum tempo a moda mundial e nacional já demonstra sinais de preocupação com a preservação do mundo em que vivemos. Desde o ano passado, marcas famosas nacionais, como a Redley e a Osklen desfilaram coleções ecologicamente corretas. Eram camisas, calças, bermudas, mochilas e até calçados feitos com materiais reciclados. Entre eles borracha de pneus velhos, além das peças feitas com fibra de bambu – que tem um processo de crescimento bem mais rápido do que das outras matérias primas – e do algodão que já era plantado e colhido com cores como o amarelo, rosa, vermelho, etc.

Mas a mais nova descoberta e novidade do mundinho fashion e ecológico são as peças feitas com garrafa pet. São blusas, vestidos, bermudas que se transformam em peças confortáveis e maleáveis após passar por um processo que transforma os milhões de garrafas pet descartadas diariamente em roupa. Atualmente marcas de fama nacional e internacional já possuem peças de roupas e outros artigos feitos de pet. Na lista das marcas amigas da natureza estão: Track & Field, Coca-cola, Mizuno, Redley, Rainha, entre muitas outras.

Foto: UOL


No Piauí algumas lojas que revendem as marcas ecológicas garantem que o cliente leva em conta sim, na hora de fazer as compras, o fator ambiental, e que uma linha de produtos ecologicamente corretos vendem até mais que os produtos agressores da natureza.

A gerente comercial Fabiana Matos afirma que os clientes gostam de saber que aquela marca se preocupa com o meio ambiente e muitos ficam até impressionados com a informação de que as peças tão confortáveis são feitas de garrafa pet. “Muitas vezes eu tenho que comprovar para as pessoas de que a peça é realmente feita de plástico, porque as pessoas acham os tecidos muito macios e confortáveis, de nada lembra o plástico”, confirma Fabiana.

Mas apesar das boas vendas, as peças ecologicamente corretas custam um pouco a mais para o consumidor. Enquanto uma camisa comum custa R$80, as camisas pet chegam a custar R$100. A diferença nos valores é explicada pelo processo moderno que transforma o plástico em peça de roupa. Sem contar os outros elementos utilizados na confecção dos artigos, que não são compostos só de plástico, mas também de algodão e outras matérias primas.

Para o consumidor consciente e que quer ajudar o meio ambiente e saber que está vestindo uma peça ecológica, a diferença no preço vale a pena. O estudante Ricardo Martins garante que compensa pagar mais caro por um material natural e que não agride o meio ambiente. “Nem todos podem pagar mais caro pelas camisas feitas de garrafa pet, mas é bom sempre fazer o esforço de comprar um produto que apesar de mais caro, é ecologicamente correto”, completa Ricardo Martins.



Processo

Com quantas garrafas pet se faz uma camisa? Duas! O processo de transformação de garrafas pet em camiseta – que é o tipo de produto mais comumente feito com o plástico – possui três fases. A intenção do processo é transformar o plástico em fibra, para, daí, serem confeccionadas as peças.

Na primeira fase as garrafas são recolhidas nos lixos, são retirados os rótulos e tampas, as garrafas passam por um processo de secagem e, em seguida, são trituradas em pedaços bem pequenos.

A segunda fase do processo consiste em uma fusão a temperatura de 300 graus Celsius e uma filtragem para a retirada de impurezas. Esse processo é repetido novamente em equipamentos que separam o pet em filamentos. Como resultado tem-se uma fibra cerca de 20% mais fina que o algodão.

A terceira e última fase é a estiragem, quando a fibra é transformada em fio e pode ser utilizada sozinha, para confecção de roupas e outros produtos, ao pode ser associada também a outros tecidos, como a seda e o algodão.

No Piauí

No Piauí a tecnologia utilizada para transformar a garrafa pet em fibra ainda não chegou. De acordo com o empresário Igor Leite, proprietário da marca Mundoposto, que confecciona e exporta bolsas, moda praia e roupas para algumas cidades do Brasil e até para o exterior, o aparato necessário para que um processo como esse aconteça é imenso, e por isso, as marcas piauienses ainda não conseguiram atingir esse nível.

“O aparato tecnológico, econômico e também as pesquisas que devem ser feitas para a utilização de um processo como esse, que transforma plástico em fibra para confecção de roupas, é muito grande. As empresas piauienses ainda são muito novas no mercado e ainda não atingiram esse nível de modernidade”, enfatiza Igor Leite.

Entretanto, o empresário afirma que aproveita e recicla o máximo que pode para minimizar os danos ao meio ambiente. “Nós fazemos muitas peças com pachwork, que é a mistura dos materiais que sobram para serem reutilizados em novas peças, e reciclamos o máximo de material possível”, completa o empresário.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Farelo de mamona apresenta grande potencial para a dieta de ovinos e caprinos

Lourdes Pereira

Hoje em dia muito tem se falado sobre o uso da mamona como alternativa para a geração de energia limpa. Mas, apesar da fama repentina da mamona, e não estamos falando aqui dos Mamonas Assassinas, pouco se tem pesquisado sobre o seu potencial para a nutrição animal. Assim, indo na contramão dos adeptos ao bicombustível, pesquisadores de agronomia da Universidade Federal do Piauí têm dedicado esforços para comprovar a eficiência desta planta para a alimentação de caprinos e ovinos, sem esquecer, é claro, da preservação do meio ambiente.

Não é nenhuma novidade que o Brasil apresenta vantagens naturais para a agricultura, mas o Nordeste e nele o Piauí, sofre com algumas limitações climáticas como a irregularidade pluvial. Por isso, planos de incentivos governamentais estão sendo formulados para favorecer o cultivo de oleaginosas adaptadas a estas adversidades visando a obtenção, entre outras coisas, de energia verde.

O interessante é que os subprodutos gerados com a transformação da mamona não estão virando poluentes ambientais e sim fonte de alimento para animais. Favorecendo também o barateamento nos custos de produção, pois algumas regiões piauienses apresentam baixa produção de grãos voltadas especificamente à formulação de rações concentradas, pois normalmente se dedicam a produzir para a alimentação humana.

Da semente da mamona utilizada para extração de óleo é retirado um subproduto, o farelo da mamona. Este farelo, gerado a partir de um processo químico, é normalmente utilizado como fertilizante de alta qualidade. Mas para o professor doutor do departamento de agronomia da UFPI, Arnaud Azevedo Alves, “não é justo transformar em fertilizante, este material que poderia estar sendo usado como alimento”. No Brasil, grande parte do farelo da mamona que é produzido destina-se à adubação orgânica, principalmente, para jardinagem, pois também é fonte de nitrogênio, fósforo e potássio.

Depois de estabelecer as características químicas, nutritivas e a viabilidade para o consumo do farelo de mamona, o trabalho dos pesquisadores agora está concentrado em avaliar as formas mais baratas de desintoxicar este material, já que alguns elementos antinutricionais o impedem de ser consumido em grandes quantidades sem trazer algum malefício à saúde do animal. Algumas pesquisas estão fazendo o processo de desintoxicação por meio de autoclavagem, que é mais ou menos uma espécie de cozimento do material, obtendo-se resultados satisfatórios. Mas ainda assim, este método se mostra pouco interessante do ponto de vista da conservação do meio ambiente e econômico, já que necessita de um gasto considerável de energia elétrica. Para resolver este problema, os pesquisadores ainda estão testando outros processos químicos para encontrar alternativas mais viáveis.


Alimentação

Atualmente, pela sua expressiva produção, o farelo da soja é a tradicional fonte protéica para ovinos e caprinos. Mas os resultados obtidos com as pesquisas podem fazer com que este hábito mude por causa das vantagens que a mamona pode trazer.

O beneficio econômico também pode ser notado quando as contas são feitas. O farelo de mamona possui 30% de proteína e o de soja possui 45%, mas quando consideramos o custo do quilo da proteína vamos encontrar o valor de R$ 0,30 no farelo de mamona e o de R$ 1,10 no farelo de soja. O que no fim das contas resulta que alimentar o seu animal com farelo de mamona sai muito mais barato.

Além dos custos, o desempenho nos animais também foi satisfatório, pois eles obtiveram maior ganho de peso com o composto misturado com farelo de mamona, considerando o mesmo período de alimentação, do que com o farelo de soja. “Quando substituímos o farelo de soja pelo de mamona obtivemos um ganho de peso de 170g” disse Arnaud se referindo as experiências com ovinos.

A ovinocultura se destaca no Brasil, mas as dificuldades com manejos são alguns dos empecilhos enfrentados pelos produtores, principalmente com a nutrição, pois ela é responsável pelo aumento da produtividade ovina e reflete na rentabilidade do sistema de produção. Assim, a dieta de melhor qualidade colabora para que os animais ganhem peso em menos tempo e tenha menos gordura na carcaça, seguindo desta forma, as exigências do mercado consumidor.

A mamona é encontrada facilmente em todo o Piauí e para o agricultor familiar há a possibilidade de produzir juntamente com outras culturas como milho, feijão, etc., a produção deve ser enviada para uma indústria de beneficiamento. E de lá o produto pronto para o consumo é levado para o produtor de ovinos, seguindo desta forma uma cadeia produtiva. Situação não muito favorecida pelo plantíl da soja, que é plantada de forma extensiva e geralmente se restringe à grandes produtores.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Sustentabilidade: quais as vantagens em inserir sua empresa no contexto ambiental?

Denise Cordeiro

A cada dia, mais e mais empresas começam a investir em sustentabilidade social com projetos voltados para a preservação do meio ambiente. Em entrevista, a professora do curso de Economia da UFPI e professora do Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente da instituição, Jaíra Gomes, explica porque é vantajoso para um empreendedor trabalhar a questão ambiental.


Sociedade e empresas

Muitas grandes empresas, de diversos ramos de vendas e serviços, já começaram a desenvolver projetos ambientais - como vender sacolas retornáveis - e junto a isso, desenvolver ações no sentido de receber retorno do seus clientes. Quais são as vantagens para uma empresa em trabalhar com projetos ambientais?

A empresa faz parte da sociedade, e hoje, como você tem toda uma mudança nessa problemática ambiental, então não se pode mais apenas priorizar a área econômica de uma companhia. Em uma sociedade sustentável, a empresa precisa se desenvolver de uma forma sustentável. Isso significa trabalha várias dimensões dessa sustentabilidade, e com isso, a empresa que está vinculada ao lado produtivo e à sociedade, precisa se adequar à essa nova sociedade.

Como você acredita que esta adequação vem sendo feita?

Atualmente, as empresas já começaram a modificar seus processos de produção. Por exemplo: se uma empresa era altamente poluidora, não colocava nenhum tipo de filtro de ar, então ela começa a procurar adequar sua produção a esse contexto.


Legislação

A legislação brasileira tem influenciado na mudança de comportamento das empresas? Como?

Os países constituíram a legislação para que você tenha ações efetivas como multa, taxas, etc, para ordenar empresas que estejam impactando o ambiente de forma negativa. Portanto, as empresas tem esse aspecto de se adequar às leis federais, estaduais e municipais. Além disso, ainda tem o outro aspecto da diminuição dos lucros da empresa que não esteja de acordo com as legislação: se você paga multas por não estar de acordo com a lei, é uma verba perdida.

Apesar disso, não basta elas apenas incorporaram essa nova legislação, mas também essa nova visão da sociedade em relação ao meio ambiente, elas precisam ter uma modificação em termos sustentáveis.


Marketing

Percebemos que atualmente o ecologicamente correto se sobressai na sociedade. Há uma preocupação muito grande por parte da população em mostrar que faz sua parte consumindo produtos biodegradáveis. As empresas também podem levantar essa bandeira como uma iniciativa de marketing, não?

Certamente. Quando se muda em termos de sustentabilidade, a empresa tem uma série de vantagens, no sentido de que elas tem uma boa imagem, a questão do marketing da empresa, de como a sociedade a vê. Isso é muito importante.

Então hoje, inclusive, você vários institutos mundialmente e aqui no Brasil que premiam essas empresas de acordo com os projetos por elas organizados, e isso é mostrado à sociedade que passa a ver essa empresa com bons olhos, e essa mesma empresa se torna conhecida por sua responsabilidade social e ambiental.

Portanto, não se pode mais apenas se preocupar com o lucro, existem diversas áreas para onde ela deva se voltar, porque o modo como a sociedade vê essa empresa, a lucratividade dela vai melhorar ‘Ah, eu vou comprar produto da empresa X porque ela trabalha em prol do meio ambiente’.

As pessoas vão comprar de uma empresa ecologicamente correta.


Incentivos

A mudança de postura de certas empresas em adotar maiores cuidados com o meio ambiente também pode ser atribuída a benefícios financeiros por parte do Estado?

Existem os incentivos fiscais dados pelos governos como concessão de ICMS e/ou isenção de outros tributos, além de dar infra-estrutura para empresas que vão trabalhar projetos de desenvolvimento sustentável. Os ganhos hoje para aquelas que trabalham dessa forma são variados. Ela também ganha competitividade e pode ter ampliação de seus produtos, ampliação de mercado, à medida que os consumidores passam a enxergá-la como uma empresa que se preocupa com o meio ambiente.

Hoje as empresas tem em seus organogramas, um setor voltado para meio ambiente, onde vai se trabalhar essa questão. Elas tem investido em tecnologias e procurado inovar dentre dessa ótica, baseada em tecnologias que diminuem água, energia, e reutilizam produtos que seriam descartados. Elas procuram retirar o mínimo possível desse meio ambiente como também procuram devolver o mínimo possível que possa degradar esse ambiente.


Âmbito Social

Como você acredita que se deu essa mudança? Foi a sociedade que exigiu mudanças nas empresas, ou foram as empresas que fizeram a sociedade mudar sua visão “ambiental”?


Nem um, nem outro. A empresa faz parte da sociedade, e se a sociedade muda ela tem de mudar com ela. A sustentabilidade é uma atividade rentável. Se não fosse, tantas empresas não investiriam nisso. Além de ganhos financeiros, elas podem ter ganhos de marketing e incentivos. Investir na área ambiental é um processo com retorno garantido.


As empresas e suas experiências

Empresas como os Grupos Claudino e Carvalho são exemplos de rentabilidade. Para a rede de supermercados Carvalho o ano de 2008 foi de importantes mudanças no quesito gestão ambiental. Com o intuito de diminuir os danos causados ao meio ambiente através do lixo, o Grupo Carvalho dedicou atenção especial à coleta seletiva.

O processo de coleta e seleção do lixo, feito por empresas terceirizadas que recolhem e promovem a reciclagem do material, separando o lixo orgânico, latas, papéis, metais e vidros, evitou o desperdício de toneladas de materiais que puderam ser reaproveitados.

Dessa forma, além de livrar o meio ambiente desses resíduos, a iniciativa promoveu a geração de emprego e renda para centenas de pessoas e, consequentemente, uma visibilidade maior em termos de marketing para a empresa.

Em relação aos consumos de água e de energia elétrica, foram desenvolvidas metas de redução e a conscientização dos funcionários para o uso racional desses recursos, além da utilização de telhas transparentes, fonte limpa de energia – que aproveita a luz solar – nas filiais recentemente construídas, o que gerou lucros financeiros à empresa.

Ainda visando à minimização dos efeitos nocivos do plástico ao meio ambiente, o Carvalho passou a oferecer aos seus clientes as bolsas “biobags”, feitas em algodão, que substituem as sacolas plásticas nas compras de menor volume.

Já o Grupo Claudino não ficou de fora da “onda ambiental”. Restos de materiais utilizados para a produção de colchões, estofados, que deveriam ser jogador fora são reaproveitados, parte refazendo a matéria-prima e parte vendidos para empresa recicladoras desse material, o que influencia na área financeira da empresa.

Desenvolvido em 2002/2003, com o projeto “Sinal verde para a natureza” a empresa cresceu muito. Quando as fábricas foram ampliadas, desmatamentos ocorreram na área para dar espaço aos novos empreendimentos. Para compensar as perdas de vegetação no local, foi feito um programa de educação ambiental com os funcionários e os filhos dos funcionários, onde todos plantariam uma árvore nos terrenos da empresa.

Nessa época, também se iniciaram os projetos de coleta seletiva: todo plástico, papelão e boa parte da sucata que ia para o aterro, nós começou a ser vendido para empresas especializadas em reciclagem.

“Nós investimos em coletores, palestras educativas para os funcionários, mas tivemos um grande retorno. Só no ano passado, cerca de 130 toneladas de resíduos não foram enviados para o aterro”, disse Fabrício Sá, supervisor ambiental da Socimol, empresa do Grupo Claudino.

“A gente tem que transformar o que seria desperdício em oportunidade. Se a gente economiza energia, então é bom pra gente e é bom pro meio ambiente”, concluiu.


Educação Ambiental

O Sebrae também trabalha com seus micro e pequenos empreendedores essa visão ambiental. Segundo a assessoria de comunicação do órgão, vários projetos sustentáveis são repassados aos empresários e diversos trabalhos existem na área, no entanto, os responsáveis por estes projetos não puderam conceder entrevista à reportagem, pois não se encontram em Teresina.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Especialistas dizem que a divulgação é a chave para um mundo ecologicamente correto

Denise Cordeiro

Com a crescente necessidade de cuidar do mundo em que vivemos, a sociedade cobra cada vez mais das empresas que elas estejam adequadas às questões ambientais. Mas, será que todos sabem o que é necessário para se adequar a um mundo ecologicamente corretro?

De acordo com o advogado José Augusto Carvalho, especialista em Direito Ambiental, não. Para ele ainda falta uma maior divulgação para que o cidadão saiba o que é preciso para recorrer à questão de licenças ambientais.

Segundo Carvalho, há um grande conflito entre o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o Governo do Estado do Piauí sobre a questão de licenças ambientais, pois ainda não existiria um limite real sobre a atuação dos governos Federal e Estadual, e os dois órgãos acabam entrando em conflito por conta disso.

“Nem sempre que tem mais poder pode mais. Nós não precisamos de conflitos e sim de uma fiscalização mais efetiva e que nossos organismos sejam mais transparentes possíveis”, comentou.

Já para o Ibama, o principal problema não está na compreensão das empresas, mas no tempo que uma licença ambiental demanda para ser emitida, como explica Gildênio Rodrigues, analista de licenciamento do órgão. Ele fala que os empreendedores não querem esperar, pois, em vários casos, pode levar até um ano para que seja feita a primeira audiência pública. “Essa pressa pode causar danos irreparáveis ao meio ambiente”, disse.

“A sociedade e as empresas ainda não entendem os motivos dessa demora, acham que a burocracia apenas dificulta a emissão, mas isso não é verdade. O que acontece é que vários estudos são feitos em cima do projeto de cada solicitação. Nós avaliamos o impacto ambiental em todos os ângulos e isso demanda tempo”, esclarece Gildênio.

Mas, em um ponto, advogado e analista concordam: para que tudo seja mudado, é preciso a intervenção da mídia. “Quando a sociedade compreender de fato o que é preciso para que façamos o nosso trabalho, é que ela vai começar a realmente ver a necessidade de todo o tempo que levamos para emitir uma licença, e para isso acontecer os jornalistas tem de ser os primeiros a mostrar esse trabalho”, comentou Rodrigues.

E não são apenas eles que acreditam nisso, Edimilson Carvalho, coordenador do Núcleo de Fiscalização do Ibama, também concorda com a necessidade de uma maior divulgação, afinal, grande parte dos casos de ilegalidades cometidas como contrabando de animais silvestres e madeira são detectados a partir de denúncias feitas pela sociedade.


O tráfico

A mídia, por si só, não pode fazer milagres, existem outros pontos que precisam ser melhorados em termos de fiscalização. Segundo Edimilson, falta contingente de fiscais para um trabalho mais efetivo. “Nós temos o apoio da Polícia ambiental e da Semar (Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos), mas ainda assim é difícil”, fala.

O coordenador disse ainda que existe outro entrave: a fiscalização no Maranhão não consegue deter boa parte dos casos de contrabando, o que acaba tornando o Piauí uma rota para o tráfico ambiental. “Em cidades como Curimatá e Coelho Neto o tráfico tanto de animais como de madeira vem passando sem muitos problemas e isso dificulta o nosso trabalho aqui no Piauí”, conta.


As punições

No Piauí, o órgão responsável por finalizar a fiscalização e autuar as empresas é a Curadoria do Meio Ambiente, braço do Ministério Público, que acompanha todas as atividades que possam intervir, causar impacto, no meio ambiente.

“O Mistério Público faz uma fiscalização do licenciamento ambiental no cumprimento das medidas que os empreendedores se responsabilizam em tomar para minimizar o impacto ambiental”, explica a promotora de Justiça, Cléa Cristina Fernandes.

De acordo com ela, o MP acompanha o licenciamento através dos jornais diários e a partir de denúncias que são feitas pela comunidade que são encaminhadas por órgãos públicos e a partir disso, são instaurados procedimentos investigativos ou inquéritos civis, dependendo do caso.

“A importância do licenciamento é para que nós atinjamos um modelo desenvolvimento sustentável, ou seja, a atividade econômica tem de se aliar com a proteção ao meio ambiente, pois é direito de todos viver em um meio ambiente ecologicamente equilibrado”, comenta.


Licenciamento ambiental: o que é?
Fonte: Ibama

O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente e possui como uma de suas mais expressivas características a participação social na tomada de decisão, por meio da realização de Audiências Públicas como parte do processo.

Essa obrigação é compartilhada pelos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente e pelo Ibama, como partes integrantes do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente). O Ibama atua, principalmente, no licenciamento de grandes projetos de infra-estrutura que envolvam impactos em mais de um estado e nas atividades do setor de petróleo e gás na plataforma continental.

As principais diretrizes para a execução do licenciamento ambiental estão expressas na Lei 6.938/81 e nas Resoluções CONAMA nº 001/86 e nº 237/97. Além dessas, o Ministério do Meio Ambiente emitiu recentemente o Parecer nº 312, que discorre sobre a competência estadual e federal para o licenciamento, tendo como fundamento a abrangência do impacto.

A Diretoria de Licenciamento Ambiental é o órgão do Ibama responsável pela execução do licenciamento em nível federal. A Diretoria vem realizando esforços na qualificação e na reorganização do setor de licenciamento, e disponibiliza aos empreendedores módulos de: abertura de processo, atualização de dados técnicos do empreendimento, solicitação de licença, envio de documentos e boletos de pagamento de taxas do licenciamento em formato on line.

Pretende-se que o sistema informatizado agilize os trabalhos e as comunicações inerentes ao processo de licenciamento e permita maior visibilidade e transparência para os processos de licenciamento em tramitação no Ibama.


Um caso de discordância

Um caso a ser comentado se refere à carcinicultura (criação de caranguejos) na região de Luís Correia, litoral piauiense.

Uma instrução normativa do Diário Oficial da União proíbe a captura, o transporte, o beneficiamento, a comercialização e a industrialização do caranguejo-uçá, durante os dias 21 a 27 de janeiro¸ 18 a 24 de fevereiro e de 20 a 26 de março.

O período da proibição corresponde ao intervalo de tempo em que se dá o fenômeno conhecido como "andada", em que os espécimes machos e fêmeas saem de suas tocas e andam pelo manguezal para o acasalamento e liberação de larvas.

A cata do animal é muito mais danosa ao meio-ambiente neste período, já que a captura dos caranguejos em fase de reprodução desestabiliza o ciclo de vida da espécie e põe em risco o sustento de milhares de famílias cuja renda se baseia na comercialização e na cata dos animais.

Em janeiro de 2009, no litoral do Piauí, a falta de caranguejos nos locais de venda foi percebida. Os proprietários de bares e restaurantes tiveram o dia 12 daquele mês para informar os estoques disponíveis, mas vários deixaram comunicar a quantidade de caranguejos que tinham. Quem não informou o estoque teria de pagar multa que pode variar de R$ 700 a R$10.000, dependendo da quantidade de estoque disponível.

Para a fiscalização do local, tribunais superiores determinaram que o Estado seria o responsável, no entanto, o Ibama interveio e acabou fazendo novamente a fiscalização na área.

domingo, 21 de junho de 2009

Produtores de mel agora podem contar com alimentação artificial para abelhas

Lourdes Pereira
Fotos: Embrapa





Para que os apicultores não percam seus enxames em épocas de escassez de néctar e pólen, pesquisadores da Embrapa Meio-Norte estão desenvolvendo alimentação artificial para as abelhas a partir de alternativas das próprias regiões produtoras de mel.

A questão da alimentação das abelhas é uma preocupação recorrente, já que nos períodos secos a falta dos nutrientes adequados faz com que elas fiquem fracas ou morram. Por isso os pesquisadores começaram a analisar a eficácia de alimentos encontrado em abundância no Piauí, como o farelo de algaroba, suco de caju, xarope de açúcar, goma de mandioca entre outros que normalmente são subaproveitados.

Tradicionalmente o apicultor não tem o hábito de cuidar de suas abelhas durante a entre safra, ou seja, na parte mais seca do ano que vai de setembro a dezembro. “Há regiões no estado em que o apicultor chega a perder cerca de 80% dos enxames, e quando chega a época da produção ele é obrigado a capturar novamente as abelhas para voltar a produzir”, explica o pesquisador do Núcleo de Pesquisa com abelhas da Embrapa, Bruno de Almeida Souza.

Este problema além de fazerem com que a produção de mel diminua, ainda causa sérios problemas ambientais por sua característica exploratória. Assim, os resultados obtidos até agora oferecem boas expectativas para o produtor e para os interessados em trabalhar no ramo, porque evita que a produção de mel caia, e faz com que a competitividade do estado se eleve perante o mercado mundial de exportação de mel.



Atualmente, a Embrapa Meio-Norte trabalha com apiários experimentais nas regiões do cerrado, caatinga e áreas de transição caatinga-cerrado do Estado do Piauí, localizados em Teresina, Castelo do Piauí, Campo Maior e São João do Piauí.

sábado, 20 de junho de 2009

Plano Nacional de Agroenergia pode transformar Piauí em grande produtor de dendê

Sanmya Meneses
Fotos: Embrapa

O Plano Nacional de Agroenergia é uma iniciativa do Governo Federal e objetiva, a partir da análise da realidade da matriz energética mundial, organizar uma proposta de pesquisa, desenvolvimento e de transferência de tecnologia no Brasil. Tendo como pilar a sustentabilidade, o plano abrange estudos que visam aperfeiçoar a integração entre agricultura e alternativas de geração de energia.

No Piauí, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária da região Meio Norte (Embrapa- Meio Norte) possui uma plataforma específica para essa atividade onde é desenvolvido um trabalho que visa ampliar os agentes das cadeias de agroenergia, em conformidade com as políticas públicas das áreas energética, ambiental, agropecuária e de abastecimento de cada região. Em entrevista, o pesquisador Eugênio Emérito fala da Plataforma de Agroenergia da Embrapa e de novidades sobre os investimentos na produção de óleo a partir do dendê no estado do Piauí.

Em que consiste a agroenergia e quais são as vantagens desse tipo de produção enérgica?

É possível definir Agroenergia como toda a energia produzida a partir de produtos agropecuários e florestais, ou seja, é a energia oriunda da natureza. O que se busca de fato é a diminuição da dependência do petróleo como matriz energética e reduzir dessa forma, a emissão de gases poluentes que é a grande conseqüência da utilização do petróleo como fonte de energia. A agroenergia se apresenta como uma alternativa rentável e, sobretudo, sustentável.

De que forma é trabalhada a plataforma de energia que é desenvolvida na Embrapa Meio Norte?

Nós trabalhamos com quatro grandes projetos. O primeiro deles é voltado para o biodiesel, de forma que os estudos são direcionados para ampliar tecnologias de culturas que tenham o potencial para a produção de óleo, como por exemplo: a soja, o girassol, a mamona e o dendê. O segundo é voltado para a produção do etanol e a implementação da cultura de cana-de-açúcar (matéria prima do etanol) em áreas que não possuem a tecnologia. Nossas áreas de abrangência são nesse caso o Piauí, o Maranhão e algumas regiões do Tocantins.

No terceiro projeto contemplamos as florestas energéticas e nosso trabalho consiste em estudar a melhor forma de gerar energia a partir de espécies florestais como a lenha e o carvão. E por fim, temos um projeto voltado para fontes alternativas de biodiesel, explorando espécies que não são tão comumente utilizadas para a produção de energia. O que diferencia esse projeto do primeiro citado, é exatamente a exploração de matérias-primas que não são frequentemente usadas e que geralmente possuem uma baixa produtividade de óleo. Nessa categoria incluímos o pinhão manso a macaúba, a carnaúba, dentre outras palmeiras.

Recentemente o governo da Indonésia esteve no Piauí para avaliar o potencial do estado para a implantação de novas áreas para o cultivo de dendê para a fabricação de óleo. O que justifica esse interesse no produto brasileiro?

A Indonésia se configura como a maior exportadora mundial do produto, com uma produção em torno 16 milhões de toneladas por ano. Por se localizar entre arquipélagos o país possui limitações de áreas para o cultivo e, consequentemente, precisava encontrar uma alternativa para manter o mercado e a demanda mundial. A opção foi o Brasil pela proximidade com os Estados Unidos e também pela disponibilidade de terras relativamente baratas. Assim, o governo da Indonésia conheceu a unidade de observação com dendê da Embrapa Meio Norte, que fica localizada em Teresina. Instalada desde 2005 numa área de meio hectare, ela é nossa primeira experiência de avaliação do produto nas condições da região meio norte.

Existe hoje uma forte demanda por resultados de pesquisas com o dendê sob irrigação no Nordeste principalmente em função de um distúrbio chamado ‘amarelecimento fatal’, que está inviabilizando o cultivo em regiões tradicionais de produção, como a Amazônia.

Houve dificuldade na adaptação do dendê à região Nordeste?

Para que a planta de dendê expresse todo seu potencial de produção são exigidas certas condições de clima associadas à práticas adequadas de manejo da cultura. Uma dessas condições é uma precipitação de aproximadamente 200 milímetros de chuva por mês, que no Brasil só acontece na região amazônica. Nesse sentido, nós temos que trabalhar sob irrigação para que a cultura possa se desenvolver de forma positiva. Outro aspecto importante é a insolação, uma vez que essa planta tem uma intensa atividade fotossintética, exigindo duas mil horas de luz, bem distribuídas ao longo do ano, que veio a se encaixar com o perfil do clima da nossa região.

Com relação a aspectos econômicos é possível afirmar que o dendê possa ocupar futuramente uma posição de maior destaque do que outras culturas que já são desenvolvidas há mais tempo na produção de biocombustível?

Sim. Existe uma diferença entre as culturas no que diz a produção e a transformação desse recurso natural em óleo. Nem sempre o cultivo de determinada espécie rende uma produção intensa de biocombustível; já que cada recurso natural possui suas características próprias com maior ou menor potencial energético. Uma comparação bem interessante é a da soja e do dendê: enquanto o dendê rende cerca de 4 a 10 toneladas de óleo por tonelada a soja gera apenas 600 kg de óleo.

É exatamente por esses aspectos que futuramente será muito mais rentável trabalhar com essas novas alternativas, que não se resumem apenas ao dendê. Algumas culturas selvagens que possuem grande potencial, como as palmeiras e o pinhão manso estão aos poucos trabalhadas para serem inseridas no mercado.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Uso de fraldas de pano aquecem o mercado e demonstram preocupação com a natureza

Clara Rocha


Fotos: www.babyslings.com.br
Cinco mil unidades. Essa é a quantidade de fraldas que uma criança usa desde o seu nascimento até dois anos de idade. O número é absurdo, mas, mais assustador ainda é a quantidade de tempo que cada fralda usada leva para se degradar. Isso mesmo. Se usadas as fraldas descartáveis – e a maioria esmagadora das mães opta por elas – o tempo de decomposição é de 450 anos. Sem falar que esse tipo de item é o terceiro mais encontrado nos lixões de todo o Brasil.

Na contramão desses números, correm algumas mães conscientes e preocupadas com o futuro do mundo em que seus filhos viverão e uma quantidade crescente de pessoas que lucra com a moda ecologicamente correta. Cada dia aumenta mais o número de mães e avós que deixam a fralda descartável de lado e utilizam as velhas e conhecidas fraldas de pano. O porquê da opção? Elas explicam.

“A fralda de pano além de ser ecologimente correta, porque é utilizada várias vezes, ainda é mais confortável para o bebê e o melhor de tudo, muito mais barata que as fraldas descartáveis. Quando estava grávida do meu primeiro filho, minha mãe me falou sobre usar as fraldas de pano, na hora achei que seria um trabalheira, mas hoje vejo que vale a pena fazer um esforço pelo bem estar do meu filho e pelo mundo”, afirma a psicóloga Joana Cardoso, de 26 anos, mãe de João Vítor, 6 meses.

A pediatra Naiana Ferreira afirma que mães como Joana fazem a opção correta. De acordo com a pediatra, em um cidade de altas temperaturas como Teresina, o ideal é realmente optar por fraldas de pano, que refrescam a pele do bebê e diminuem a quantidade de alergias e problemas na pele. “Sempre recomendo as mães que utilizem as fraldinhas de pano, que são mais frescas para a pele do bebê – que é muito delicada, além de mais econômicas e ecologicamente corretas”, enfatiza Naiana.

O abandono das fraldas descartáveis e a utilização cada vez maior das fraldas de pano também é observada no comércio piauiense. De acordo com Raimunda Soares, gerente de uma loja de artigos para bebês, nos meses mais quentes do bro-bró, as vendas de fraldas descartáveis caem até 20% e a procura por fraldas de pano é bem maior.

“Nos últimos anos temos observado que a procura por fraldas de pano, aquelas usadas antigamente, é bem maior. Isso porque as pessoas estão mais preocupadas com o meio ambiente e sabem que as fraldas de pano são mais baratas e agridem menos a pele das crianças, que já é muito sensível”, completa Raimunda Soares.


Preocupação que gera renda

De olho nos lucros que a moda da fralda de pano poderia trazer, uma série de pequenas empresas começou e produzir fraldas de pano bem mais modernas e práticas que aquelas utilizadas por nossos avós. A intenção é produzir e vender fraldas de pano reutilizáveis tão modernas e práticas como as descartáveis, e o melhor de tudo, aliando à economia as vantagens ambientais que a opção mais tradicional oferece.

As primeiras empresas do mercado a confeccionar as fraldas de pano modernas surgiram nos Estados Unidos e na Europa. Atualmente, empresas do sul e sudeste do país também já produzem e vendem on-line para todo o Brasil as fraldas, como a da engenheira química Bettina Lauterbach, que fabrica fraldas ecologicamente corretas em Gramado, Rio Grande do Sul, e as vende pela Internet.

As empresas brasileiras oferecem fraldas de diversos tamanhos, composições e estampas, que podem ser utilizadas enquanto couber no bebê. Os principais componentes utilizados na fabricação das fraldas são o algodão, a malha e o poliéster, e o preço da unidade custa em média R$ 25,00.

A costureira Etelvina Lago (foto) trabalha há mais de quarenta anos fazendo enxovais. Etelvina comanda uma equipe de cerca de vinte costureiras e afirma que é impressionante como as mães atuais estão mais conscientes em relação ao uso de fraldas descartáveis.

Clara Rocha


“Sou de uma geração em que todos usavam fraldas de pano, meus netos já usaram fraldas descartáveis e provavelmente meus bisnetos usarão fraldas de pano como eu. Isso demonstra uma evolução e mais do que tudo a preocupação das gerações atuais com a destruição do planeta. Sem falar na geração de emprego e renda, pois atualmente eu e minha equipe de costureiras trabalhamos muito mais que há dez anos atrás. A demanda por fraldas de pano é imensa”, completa Etelvina.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Piauí é Global em Congresso Internacional de Arte Rupestre


Fonte: cidadeverde.com



Mais de 800 pessoas de 39 países dos cinco continentes estão inscritas para o Global Rock Art 2009 Congresso Internacional de Arte Rupestre, promovido pela Federação Internacional de Arte Rupestre, com apoio do Governo do Piauí, que começa no próximo dia 29, na cidade de São Raimundo Nonato, na região Sudeste do Estado, a 530 quilômetros da capital, Teresina.

Os inscritos são arqueólogos, pesquisadores, estudantes e pessoas interessadas no estudo, conservação e divulgação das manifestações rupestres. Estão com participação confirmada representantes de países como os Estados Unidos, Grécia, Austrália, Espanha e França. Esta é a primeira vez que o Global Rock Art acontece no Brasil e a segunda vez na América do Sul.

Segundo a Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), o Global Rock Art será realizado no período de 29 de junho a 3 de julho, no Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, onde estão as maiores concentrações de pinturas rupestres do mundo. No encontro, cientistas e pesquisadores vão apresentar e debater novos métodos de pesquisa e interpretação, as novas descobertas, o desenvolvimento científico relacionado com seu estudo, e a dinâmica da criação e difusão cultural poderão ser relacionadas e comparadas durante o encontro.
O Global Rock Art vai procurar demonstrar que a globalização não é um fenômeno atual. Ela começa quando o homem parte de seu berço na África e passa a ocupar todos os continentes.

Os países que vão participar do Global Rock Art, Congresso Internacional de Arte Rupestre, em São Raimundo Nonato, são: África do Sul, Alemanha, Angola, Argentina, Armênia, Austrália, Azerbaijão, Bélgica, Bolívia, Brasil, Bulgária, Camarões, Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Guiana Francesa, Índia, Irã, Itália, Japão, Macedônia, Mali, México, Noruega, Nova Zelândia, Peru, Portugal, Quênia, Reino Unido, Rússia, Suíça, Uruguai e Venezuela.


terça-feira, 16 de junho de 2009

Abertas inscrições para o concurso da SEMAR

Fonte: Semar

Já estão abertas as inscrições para o Concurso Público da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMAR), para o preenchimento de sete vagas para o cargo de agente superior de serviços nas especialidades em Meio Ambiente para Engenharia Agronômica, Engenharia Civil, Engenharia Florestal e Ciências Biológicas. A SEMAR está disponibilizando as vagas para as cidades de Bom Jesus, Parnaíba e Teresina.

O concurso será realizado sob a responsabilidade da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), através do Núcleo de Concurso e Promoção de Eventos (NUCEPE). As inscrições podem ser feitas até o dia 26 de junho, conforme as informações contidas no edital que está disponível no site www.uespi.br/nucepe e/ou www.semar.pi.gov.br.
De acordo com o edital do concurso, as provas devem acontecer no dia 19 de julho de 2009, em locais e horários divulgados pelo núcleo.

A remuneração inicial para o cargo de Agente Superior de Serviços é de R$ 844,00, correspondente ao vencimento da classe e referência inicial do cargo, conforme Lei Complementar nº 038 de 24 de Março de 2004, além do vencimento será paga a gratificação de produtividade de fiscalização ambiental no valor de R$ 1.500,00, estabelecido pelo art. 5º, parágrafo único, da Lei nº 5.481, de 10 de agosto de 2005. A carga horária mínima semanal será de 30 horas.

Mais informações: Assessoria de Comunicação/SEMAR
9991-1528

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Esgoto pode diminuir eficácia dos purificadores de água do rio Parnaíba

Tábata Magalhães

A Prefeitura Municipal de Teresina instalou filtros no Rio Parnaíba, em 2007, que purificam a água despejada pelos lavadores de carro da Avenida Maranhão. A medida foi tomada para evitar que os detergentes e sabões usados pelos trabalhadores poluam o rio. Porém, a presença de um esgoto a céu aberto, localizado após os filtros, pode diminuir a eficácia da medida.

Uma pesquisa está sendo feita na Universidade Federal do Piauí (UFPI) para analisar a qualidade da água que passa por seis filtros instalados às margens do rio Parnaíba. O autor do projeto é Danilo Leon, estudante de Biologia da instituição.

“Foram feitas quatro coletas entre setembro de 2008 e junho deste ano para saber se a água jogada no rio Parnaíba está realmente sendo filtrada. Teremos o resultado apenas no final deste mês, mas a presença do esgoto, 500m após os filtros, pode prejudicar a ação deles”, relatou Danilo.

De acordo com o pesquisador, a quantidade de filtros é suficiente para impedir que a água “contaminada” pelos resíduos derivados do petróleo prejudique o meio ambiente. “O que deve ser questionado é a eficiência dos purificadores, porque a presença deles ajuda a resolver um problema ambiental e social, já que o rio é a fonte de renda de muitos lavadores”, disse.

A partir do resultado da análise, Danilo espera conseguir impedir que os resíduos tóxicos façam mal ao rio. “Se os filtros não forem adequados, pretendemos enviar um relatório às secretarias de Meio Ambiente para que o sistema de filtragem seja melhorado ou modificado”, finalizou.

Vaca inimiga do homem?

Devemos muito à vaca. Mas há quem a veja como inimiga. A vaca, aqui referida como a parte pelo todo bovino, é acusada de contribuir para a degradação do ambiente e para o aquecimento global. Cientistas atribuem ao 1,4 bilhão de cabeças de gado existentes no mundo quase metade das emissões de metano, um dos gases causadores do efeito estufa. Acusa-se as chifrudas de beber água demais e ocupar um espaço precioso para a agricultura.

Leia o restante da matéria no site da Revista Veja desta semana.

Foto: Veja.com

sábado, 13 de junho de 2009

Bagaço de cana-de-açúcar é alternativa para produção de energia

Sanmya Meneses

Até o início da década de 90, dois terços do bagaço de cana utilizado nas usinas de açúcar e álcool não tinham uma finalidade específica. Terminada a produção, os resíduos que eram aproveitados acabavam se transformando em ração animal ou simplesmente em lenha. Foi atentando para esse fato, que os produtores de cana resolveram pensar muito bem antes de desperdiçar esses bagaços.

Há muito tempo o Brasil tenta produzir formas de energia alternativas ao petróleo, como é o caso da energia eólica ou solar. A chamada ‘energia limpa’ é decorrente do uso de recursos naturais que não geram GEE`s (gases de efeito estufa) ao final da produção. A energia gerada a partir do bagaço de cana-de-açúcar surgiu recentemente com essa característica e se apresentando com uma importante opção no setor.

No Piauí, desde o ano de 2008, o grupo Olho d’Água vem produzindo energia limpa genuinamente piauiense. Gerada a partir do aquecimento do bagaço em caldeiras, a energia é resultado de vapor, exatamente como acontece nas usinas termoelétricas. A diferença? A ausência de queima de carvão ou derivados do petróleo, que trazem conseqüências de aquecimento para o planeta.


Luis Melo, diretor de operações da Comvap, empresa ligada ao Grupo Olho d’Água, explica que a utilização da cana-de-açúcar como combustível é especialmente interessante por formar o chamado ‘ciclo fechado’. “A planta é capaz de absorver o gás carbônico, que é liberado na atmosfera durante a combustão da cana para gerar energia. Dessa maneira, o poluente produzido é consumido pela plantação, e não há danos ao ambiente.”, conta o diretor.

Os geradores da companhia são interligados ao Sistema Nacional de Energia Elétrica e o abastecimento de toda a empresa é feito de forma independente.“Através de uma rede ligada à Companhia Energética do Piauí (CEPISA) nós não somente consumimos a energia, mas também transmitimos a que produzimos aqui. A produção é capaz de abastecer uma cidade com cerca de 10 mil habitantes”, explica Melo.


Economia no bolso

Especialistas apontam que mais do que uma contribuição para a natureza, ações sustentáveis também ajudam economicamente as empresas que se propõem a colocar em prática iniciativas como a da Comvap.

A tecnóloga em gestão ambiental, Liziana Leite, explica que a empresa ganha pontos no mercado ao optar por ações ecologicamente corretas. “A corporação já sai na frente economicamente e também em marketing. A partir do momento que a companhia passa a economizar no consumo de energia elétrica, ela pode investir em outras áreas. Além disso, hoje, o mercado visa a gestão ambiental dentro das empresas principalmente quando pretendem dar ou receber investimento”,explica Liziana.

Um bom exemplo é o da FIAT, que investiu cerca de US$ 10 milhões numa estação de tratamento, para que 92% da água por ela utilizada fosse reaproveitada, economizando com isso cerca de US$3,5 milhões por ano. Além disso, a Fiat conseguiu reciclar 90% dos resíduos gerados durante o processo de produção dos automóveis, o que lhe rende, mensalmente, US$ 1,2 milhão.

Outros tipos de ações iguais já estão sendo realizadas em várias empresas nacionais e internacionais. Tudo se inicia com a criação de um Sistema de Gestão Ambiental- SGA, baseado nas normas da ISO 14000, que orientam para aplicações de gerenciamento e educação ambiental dentro de empresas.

“Não só empresas de grande porte podem investir em gerenciamento ambiental. A norma ISSO 14001 é voltada, principalmente, para empresas de pequeno e médio porte. É se espelhando nessa norma que qualquer companhia pode fazer a implantação do SGA”, finaliza a tecnóloga.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Pesquisa estuda melhor sistema de plantio de milho para o Nordeste

Clara Rocha

Raimundo José de Sousa Rocha (foto) é professor do Colégio Agrícola de Teresina-CAT, formado em Agronomia pela Universidade Federal do Piauí-UFPI, Mestre em Ciência Animal pela UFPI e doutorando pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho-UNESP, no campus de Jaboticabal-SP, com a tese sobre Adubação nitrogenada em milho cultivado em semeadura direta e convencional.

Durante as pesquisas da tese Raimundo José realizou experimentos para comparar dois diferentes tipos de sistemas de plantio, a semeadura direta – uma técnica recente surgida nos EUA – e a semeadura convencional – como o próprio nome já traduz, uma técnica mais comum. O pesquisador buscou avaliar e saber qual dos dois sistemas era mais eficaz para ser utilizado no Nordeste e melhorar a produtividade e a qualidade do solo na nossa região.

A sua pesquisa busca avaliar dois tipos diferentes de técnicas de plantio. Como aconteceu a pesquisa e qual é o seu objetivo com ela?

Essa pesquisa é um experimento de campo onde nós trabalhamos com milho avaliando doses de nitrogênio, que é um fertilizante, e dois sistemas de plantio (direto e convencional). Serão avaliadas seis doses de nitrogênio 0,40, 80, 120, 160 e 200 quilos por hectare. Já quanto ao sistema de plantio será testado o plantio direto, que é uma nova forma de preparo do solo, onde o solo só é arado e preparado no início do plantio, e o plantio convencional, que é aquele onde o solo é preparado todas as vezes que é efetuado um plantio.

O objetivo da pesquisa é saber qual a técnica que mais aumenta a produtividade do milho, através de diferentes doses de nitrogênio e tipos de plantio.

O que você descobriu com esse experimento?

Os resultados parciais têm demonstrado que o plantio direto é mais eficiente, pois esse tipo de técnica protege o solo contra a erosão e o desgaste e a produtividade do milho foi maior. Por outro lado, o plantio convencional tem se mostrado pior para o solo. O uso dessa técnica vai deteriorando o solo aos poucos, o que, em longo prazo provoca a erosão, perda da fertilidade, compactação do solo e redução na produtividade.

Plantações de milho por plantio convencional e por semeadura direta


Como surgiu a idéia de fazer essa pesquisa?

Surgiu com a preocupação de conservar e preservar os solos cultivados, que com o manejo corrente (plantio convencional) invariavelmente, com o passar do tempo, ocasiona erosão, perda da fertilidade e compactação do solo, diminuindo consequentemente a produtividade.

A minha idéia com essa pesquisa é testar esse novo modelo (o plantio direto), surgido primeiramente nos EUA e já utilizado no sul do Brasil, para ser utilizado também no Nordeste.

Quem podem ser os beneficiados por essa pesquisa?

Todos os agricultores podem se beneficiar com essa pesquisa, tanto os pequenos como os grandes. Os que se preocupam com a preservação do solo com certeza terão interesse em utilizar esta técnica do plantio direto.

Você acha que o agricultor piauiense irá aceitar o uso dessas novas técnicas?

Acredito que as pessoas vão ter uma certa dificuldade inicial pela forma que historicamente já vêm conduzindo a agricultura, entretanto com os resultados e divulgação dessas pesquisas onde os primeiros resultados demonstram uma maior produtividade nos solos manejados em plantio direto, e considerando ainda, que esse sistema é mais econômico pois utiliza menos implementos agrícolas, há de se crer que os agricultores adotarão essa nova técnica.

Como essa pesquisa ajuda a minimizar o impacto da agricultura no meio ambiente?

A pesquisa ajuda na medida que ela avalia e comprova as vantagens do manejo do solo com o plantio direto, dessa forma, os agricultores que utilizarem esta técnica – comprovada pelas pesquisas como a mais eficiente – estarão preservando o solo e consequentemente o meio ambiente.

Você acha que os estudos na área da agronomia estão preocupados em encontrar novas técnicas para preservar o meio ambiente e o solo?

Sim. Além dessa, inúmeras outras pesquisas avaliam aumentos de produtividade, testam níveis de erosão do solo, melhores doses de fertilizantes, evitando a aplicação excessiva dos mesmos, o que prejudica o meio ambiente. Outras pesquisas avaliam a quantidade de água que deve ser utilizada na cultura, também colaboram para o uso racional da água. Enfim, são inúmeras as pesquisas que buscam minimizar o desgaste do meio ambiente com a prática da agronomia.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Universitários pesquisam casas de taipa em União-PI

Tábata Magalhães
Foto: Arquivo ICF

Alunos do curso de Arquitetura do Instituto Camilo Filho em Teresina estão analisando casas de taipa construídas na comunidade Baixão do Carlos, localizada na estrada de União (a cerca de 56 km da capital). Orientados pela arquiteta e professora Sandra Saraiva, a pesquisa é destinada a estudar a técnica utilizada pela população do local para a construção das moradias.

Segundo a orientadora da pesquisa, a maioria das casas de taipa de Teresina não é executada de forma correta. “Muitas vezes não existe um cuidado técnico para a execução do processo, por isso o resultado é muitas vezes uma casa mal feita”, explicou Sandra.

Em Baixão do Carlos, além do material necessário para erguer a casa ser encontrado na própria região, as técnicas são seguidas passo-a-passo. “O primeiro passo é encontrar um sítio seco. Para erguer as paredes é necessário solo escavado e materiais, como a madeira, que são retirados do próprio local”, contou Danilo Sérvio, um dos estudantes envolvidos no projeto.

A durabilidade e a sustentabilidade são fatores que motivaram os estudantes a realizar a pesquisa. “O método da construção das casas está dentro do modelo sustentável exigido atualmente, porque são feitas em locais que não têm contato com nenhum tipo de indústria e feitas com materiais retirados na própria região, da vegetação do entorno”, disse Danilo.

Para Sandra, as casas de taipa são uma solução para a crise ambiental. “Não se pode negar que essas são construções mais frágeis, mas se houver cuidados do momento da execução e na manutenção, o processo de deterioramento do material é adiado”, ressaltou. “Caso ela se deteriore, a natureza consegue reabsorver de modo fácil, sem criar resíduos”, complementou.

Pesquisadores da Embrapa avançam nas pesquisas com bacuri para a produção em escala comercial

Lourdes Pereira
Foto: Arquivo Embrapa

Muita gente já comeu, viu ou pelo menos ouviu falar de bacuri, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Mas quem já viu um bacurizeiro? Ou um bacurizeiro plantado no quintal de casa e com frutos? Estas perguntas já são um pouquinho mais difíceis de responder. Assim, fazer com que a comunidade possa colher este fruto em escala comercial é um desafio enfrentado por alguns pesquisadores.

O bacurizeiro (Platonia insignis Mart.), espécie frutífera da família Clusiaceae, é uma planta tipicamente tropical, encontrado principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. O fruto desta planta pode ser consumido in natura ou como parte integrante de sorvetes, cremes, refrescos, compotas e geléias.

Há uma tendência mundial para o consumo de frutas exóticas e/ou que sejam benéficas à saúde. E o bacuri se encaixa neste perfil, pois além de ser doce e ter aroma agradável, é diurético, cicatrizante, rico em resina, glicose, sais minerais e ainda é facilitador da digestão. Resumindo, a fruta tem potencial para o mercado interno e externo.

Entretanto, a maioria do que é produzido é comercializada in natura, principalmente, nas Centrais de Abastecimento (CEASAs), e feiras livres de Belém-PA, São Luís-MA e Teresina-PI. E por ter pouca produção, algumas grandes redes de supermercado comercializam a polpa congelada a preços superiores aos de outras frutas tropicais como o cupuaçu, o cajá, a goiaba e a graviola, por exemplo.

Dessa forma, para que o bacuri chegue à mesa do consumidor a preços mais acessíveis e possa ser cultivado para a geração de renda pelo pequeno produtor, pesquisas nesta área são desenvolvidas nos estados do Piauí, Pará e Ceará. Aqui no Piauí, as principais pesquisas são conduzidas pelo pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Valdomiro Souza. Para ele essa “espécie pode estabelecer-se como uma nova e excelente alternativa para os mercados interno e externo de frutas exóticas. No entanto, apesar da sua importância social e do seu elevado potencial econômico, muito pouco tem sido feito para o conhecimento e uso dela que visem o desenvolvimento de cultivares ou de práticas adequadas de cultivo e manejo”.

Aqui no Piauí, além da Embrapa, pesquisas na Universidade Federal do Piauí (UFPI) também contribuem para a preservação desta e de outras espécies frutíferas selvagens. Este trabalho é feito pelos pesquisadores Edson Basílio, Júlio Cesar Lopes e Adriana Lopes. “A nossa preferência em trabalhar com essas mudas, é pela dificuldade em encontrar esses tipos de polpa no mercado. A gente tenta trabalhar ainda produzindo mudas de qualidade. São valores como tamanho da planta, boa produção e o período de produção do fruto” ressaltou Júlio César Lopes.


Dificuldades e avanços

Mas como dizem “nem tudo são flores”. O problema é que o bacurizeiro é uma planta sazonal, ela se desenvolve somente nos períodos de janeiro a abril e apresenta dificuldades de ser reproduzida em cativeiro e por isso é ameaçada de extinção. A forma de colheita do fruto ainda é o arcaico sistema extrativista.

Só recentemente, através dessas pesquisas, foi possível entender que para plantar bacuri é necessário alguns cuidados com a semente e ter alguma paciência. O período normal para a maturação do bacurizeiro leva de dez a quinze anos. Mas, os resultados alcançados por pesquisadores da Embrapa reduziram este período para aproximadamente quatro anos, além de conseguir diminuir o período de germinação da muda da planta de dois anos para um ano e três meses.

A Pesquisa da Embrapa Meio Norte trabalha em três linhas: a primeira busca resgatar a variação genética da espécie, pois com o avanço das fronteiras agrícolas vem diminuindo bastante ao longo dos anos; a segunda é a melhoria na propagação que pelo método natural ocorre pelas sementes ou por brotações que surgem, espontaneamente, nas raízes das plantas adultas; e a terceira é a produção em larga escala.

Desde 1998 são feitas experiências de propagação e técnicas de cultivo, que buscam desenvolver tecnologias que permitam a exploração econômica do bacuri. “A gente tem trabalhado para conseguir produzir a muda a fim de que a comunidade possa plantar de forma racional, além de evitar que a espécie se perca em função do desmatamento, especialmente em áreas de cerrado para o cultivo da soja” disse Valdomiro Souza, pesquisador da Embrapa. Para ele, o problema da propagação já foi superado. As técnicas de enxerto desenvolvidas nos centros de pesquisa já são capazes de produzir grandes quantidades de mudas.

Outro problema relacionado por Valdomiro Souza é o aparecimento de doenças causadas por fungos no bacurizeiro durante o período de crescimento da planta, mas o problema ainda persiste porque no Piauí não existe fitopatologista para estudar a doenças e combatê-la.

Apesar das dificuldades, os avanços alcançados são animadores e estão apenas em sua fase inicial. A boa expectativa é gerada pela grande procura pelo fruto de seus produtos por importadores, fruticultores, distribuidores e pela demanda em geral da população.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sistema alternativo de criação de aves caipiras utiliza tecnologia pioneira

Sanmya Meneses

Botar ordem no galinheiro. Desde o início da década de 90, esse vem sendo o lema dos pesquisadores da área de avicultura no Piauí. Efetivamente instalado no ano de 2008, o Sistema Alternativo de Criação de Aves Caipiras foi desenvolvido com uma tecnologia pioneira no país, que visa resgatar a identidade dos grupos genéticos de galinhas originárias dos diversos ramos genealógicos.



Monitorado pela Embrapa Meio Norte o projeto identificou, a partir de uma pesquisa inicial, que os núcleos de agricultura familiar do Piauí possuíam quase em sua totalidade alguma ligação com a criação de galinhas caipiras. “A galinha estava presente quase que em 100% das nossas cidades e resolvemos assim, desenvolver um trabalho que pudesse otimizar a criação desses animais.”, explica Firmino José, coordenador do projeto.

Com os dados em mãos, a equipe da Embrapa Meio Norte cuidou de identificar também quais eram os problemas que afetavam as produções. Dentre eles estavam a ausência de um local adequado para que as galinhas chocassem os ovos, a mistura de animais de diversas faixas etárias em um mesmo lugar, a desproporção entre machos e fêmeas e principalmente: a diferença de grupos genéticos entre as galinhas.

“Se o boi tinha o curral e a abelha sua caixa, a galinha também precisava do seu lugar. Nós decidimos com urgência ‘botar ordem no galinheiro' e criar uma estrutura protegida e confortável para que as galinhas pudessem se reproduzir. Além disso, atentamos para a equiparação entre machos e fêmeas para que a cópula pudesse acontecer de forma adequada”, enfatiza o coordenador.



Posteriormente, foi iniciado o resgate das identidades dos grupos genéticos de galinhas, que eram originárias dos diversos ramos genealógicos introduzidos no Brasil desde o descobrimento. Firmino José explica que foram identificados quatro tipagens de galinhas que foram inseridas no país, cada uma delas com uma diferente origem genética e uma exigência alimentar distinta. “Esse foi o nosso foco principal de estudo para que a partir disso, pudéssemos montar a divisão dessa aves e reprodução delas”, completa Firmino.

Mais do que aumentar o potencial produtivo e tentar criar e multiplicar galinhas puras e efetivamente naturalizadas, o projeto se preocupa também com o aproveitamento dos recursos naturais. A alimentação das aves caipiras é feita baseada no reaproveitamento de frutas tipicamente regionais. “Nós servimos para as galinhas o caju, a acerola e outras frutas tropicais, juntamente com complementações.Essa tecnologia faz com que nos pensemos em posteriormente exportar para Europa um produto genuinamente natural.”, completa o monitor.

Parcerias

Mas, se engana quem pensa que o projeto fica apenas dentro das dependências da Embrapa Meio Norte. Além dos núcleos de multiplicadores montados em cidades como Santa Rosa do Piauí, Valença, São João do Piauí e Brejo, os aproximadamente 20 mil pintos produzidos por ano, são escoados diretamente para outras cidades do interior através do projeto Fome Zero.

A coordenadora do Fome Zero no Estado, Rosângela Sousa, afirma que os projetos de galinha caipira estão trazendo renda para muitas famílias nos município onde estão atuando contribuindo dessa forma, para a capacitação das unidades familiares envolvidas.“O ponto positivo desse projeto é a possibilidade de utilização desses terrenos não somente para a criação das galinhas caipiras, mas também para o plantio que servirá de alimentação para as aves”,afirma Rosangela Sousa.

sábado, 6 de junho de 2009

Meio Ambiente: mercado de trabalho pede profissionais cada vez mais gabaritados

Denise Cordeiro

Mercado de trabalho e meio ambiente. Dois espaços que vem se misturando por conta do crescimento das discussões acerca das questões ambientais.


Dentro do tema, um campo que vem se ampliando muito no mercado de trabalho é o do tecnólogo em Gestão Ambiental. Profissional com graduação de nível superior, o tecnólogo tem como característica o foco nas habilidades e competências requeridas pelo mercado e no saber fazer, pensar e inovar; conquistando cada vez mais espaço no mundo empresarial, e exatamente por esse foco, ele já está pronto para o mercado em um tempo médio de dois anos.

Em relação à Gestão Ambiental, ele é responsável por coordenar iniciativas na seara ambiental em várias das suas vertentes, e tem se tornado cada vez mais procurado por empresas das mais diversas áreas para colaborar em termos de licenciamento, educação ambiental, planejamento ambiental, entre outros.

Na administração pública, todas as iniciativas de gestão e manejo ambiental, envolvendo análise, planejamento, acompanhamento e coordenação de programas ambientais podem, e devem, ser acompanhadas por um profissional com formação ambiental específica.

Para Daniel Guimarães, tecnólogo em Gestão Ambiental pelo IFPI (Instituto de Federal de Educação, Ciência e Tecnologia/Piauí – antigo Cefet/PI) e, atualmente, fiscal ambiental da Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Piauí (Semar), as questões ambientais merecem um tratamento melhor das empresas, já que elas precisam de informações mais aprofundadas sobre o assunto, antes de começarem qualquer processo que envolva ações ligadas ao meio ambiente.

“Eu acredito ser muito importante mostrar as obrigações das empresas, como o licenciamento ambiental. Sempre costumo fazer essa comparação: todo mundo sabe que tem que tirar licença do seu carro, todo mundo sabe que tem que tirar carteira de motorista, como faz e o que precisa. Mas quem precisa tirar uma licença ambiental, não tem esse conhecimento. Quem precisa de uma informação mais aprofundada, com conhecimento científico, mais específica, não sabe a quem procurar, a quem recorrer. Os órgãos ambientais não são conhecidos e nem o papel deles”, comenta.

No Piauí, a maior parte da categoria engrena no serviço público, já que as empresas privadas que pedem por profissionais da área são, em geral, multinacionais que vem ampliando suas preocupações com o os danos ao meio ambiente.

Com o advento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal, as obras tem exigido mais profissionais na área ambiental, já que boa parte delas, como reparações de represas, construção de casas e melhorias nas áreas físicas das cidades, trabalha diretamente com intervenções no meio ambiente.

Apesar de os salários para quem deseja ingressar no ramo variarem entre R$ 1,5 mil e R$ 5 mil, esse é um mercado onde ainda existem muitas vagas, mesmo com crise financeira mundial vigente. “Nós já formamos cerca de 90 pessoas no curso aqui no Piauí. Desses 90, cerca de 80% estão trabalhando na área e ainda tem vagas a serem preenchidas”, afirma Paulo Borges, engenheiro florestal e diretor do IFPI em Teresina.

Mas, como se qualificar no Piauí? No Estado, o IFPI é a única instituição que conta com um curso de graduação na área.

Para a aluna do curso de Gestão Ambiental, Laiane Oliveira, é interessante que a nova visão do mundo em relação ao tema. “Gosto de saber que o meio ambiente agora é visto com outros olhos. As pessoas estão começando a ver a real importância dele”, comentou.


Pós-graduações

No Piauí, só existe especialização na área ambiental no IFPI, que pode ser feito por qualquer pessoa que seja graduada, não importando o curso. Para a especialização do IFPI, basta apresentar a documentação exigida pela instituição, como o certificado de conclusão de curso em nível superior. As inscrições para a próxima turma devem iniciar em julho de 2009.

Em termos de Mestrado, apenas a Universidade Federal do Piauí (UFPI) conta com meios para desenvolver a pós-graduação. Para ingressar no programa qualquer formação em nível superior é aceita.

Para cursar o Mestrado é preciso de um pré-projeto, documentação exigida no edital do concurso e passar por avaliação escrita sobre conhecimentos na área, uma prova de língua estrangeira (inglês, francês ou espanhol), e análise do currículo pela instituição. O edital para deve sair no final de setembro ou início de outubro deste ano.


Veja algumas das empresas que trabalham com profissionais do Meio Ambiente


Estatais

- Semar (Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Piauí)
- Semam (Secretaria Municipal de Meio Ambiente)


Empresas de economia mista

- Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco)
- Cepisa (Companhia Energética do Piauí) - Agespisa (Águas e Esgotos do Piauí S/A)


Regionais

- Grupo Claudino
- Comercial Carvalho
- Kalfix


Multinacionais com filiais no Piauí

- Coca-cola
- Ambev