terça-feira, 9 de junho de 2009

Pesquisadores da Embrapa avançam nas pesquisas com bacuri para a produção em escala comercial

Lourdes Pereira
Foto: Arquivo Embrapa

Muita gente já comeu, viu ou pelo menos ouviu falar de bacuri, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Mas quem já viu um bacurizeiro? Ou um bacurizeiro plantado no quintal de casa e com frutos? Estas perguntas já são um pouquinho mais difíceis de responder. Assim, fazer com que a comunidade possa colher este fruto em escala comercial é um desafio enfrentado por alguns pesquisadores.

O bacurizeiro (Platonia insignis Mart.), espécie frutífera da família Clusiaceae, é uma planta tipicamente tropical, encontrado principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. O fruto desta planta pode ser consumido in natura ou como parte integrante de sorvetes, cremes, refrescos, compotas e geléias.

Há uma tendência mundial para o consumo de frutas exóticas e/ou que sejam benéficas à saúde. E o bacuri se encaixa neste perfil, pois além de ser doce e ter aroma agradável, é diurético, cicatrizante, rico em resina, glicose, sais minerais e ainda é facilitador da digestão. Resumindo, a fruta tem potencial para o mercado interno e externo.

Entretanto, a maioria do que é produzido é comercializada in natura, principalmente, nas Centrais de Abastecimento (CEASAs), e feiras livres de Belém-PA, São Luís-MA e Teresina-PI. E por ter pouca produção, algumas grandes redes de supermercado comercializam a polpa congelada a preços superiores aos de outras frutas tropicais como o cupuaçu, o cajá, a goiaba e a graviola, por exemplo.

Dessa forma, para que o bacuri chegue à mesa do consumidor a preços mais acessíveis e possa ser cultivado para a geração de renda pelo pequeno produtor, pesquisas nesta área são desenvolvidas nos estados do Piauí, Pará e Ceará. Aqui no Piauí, as principais pesquisas são conduzidas pelo pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Valdomiro Souza. Para ele essa “espécie pode estabelecer-se como uma nova e excelente alternativa para os mercados interno e externo de frutas exóticas. No entanto, apesar da sua importância social e do seu elevado potencial econômico, muito pouco tem sido feito para o conhecimento e uso dela que visem o desenvolvimento de cultivares ou de práticas adequadas de cultivo e manejo”.

Aqui no Piauí, além da Embrapa, pesquisas na Universidade Federal do Piauí (UFPI) também contribuem para a preservação desta e de outras espécies frutíferas selvagens. Este trabalho é feito pelos pesquisadores Edson Basílio, Júlio Cesar Lopes e Adriana Lopes. “A nossa preferência em trabalhar com essas mudas, é pela dificuldade em encontrar esses tipos de polpa no mercado. A gente tenta trabalhar ainda produzindo mudas de qualidade. São valores como tamanho da planta, boa produção e o período de produção do fruto” ressaltou Júlio César Lopes.


Dificuldades e avanços

Mas como dizem “nem tudo são flores”. O problema é que o bacurizeiro é uma planta sazonal, ela se desenvolve somente nos períodos de janeiro a abril e apresenta dificuldades de ser reproduzida em cativeiro e por isso é ameaçada de extinção. A forma de colheita do fruto ainda é o arcaico sistema extrativista.

Só recentemente, através dessas pesquisas, foi possível entender que para plantar bacuri é necessário alguns cuidados com a semente e ter alguma paciência. O período normal para a maturação do bacurizeiro leva de dez a quinze anos. Mas, os resultados alcançados por pesquisadores da Embrapa reduziram este período para aproximadamente quatro anos, além de conseguir diminuir o período de germinação da muda da planta de dois anos para um ano e três meses.

A Pesquisa da Embrapa Meio Norte trabalha em três linhas: a primeira busca resgatar a variação genética da espécie, pois com o avanço das fronteiras agrícolas vem diminuindo bastante ao longo dos anos; a segunda é a melhoria na propagação que pelo método natural ocorre pelas sementes ou por brotações que surgem, espontaneamente, nas raízes das plantas adultas; e a terceira é a produção em larga escala.

Desde 1998 são feitas experiências de propagação e técnicas de cultivo, que buscam desenvolver tecnologias que permitam a exploração econômica do bacuri. “A gente tem trabalhado para conseguir produzir a muda a fim de que a comunidade possa plantar de forma racional, além de evitar que a espécie se perca em função do desmatamento, especialmente em áreas de cerrado para o cultivo da soja” disse Valdomiro Souza, pesquisador da Embrapa. Para ele, o problema da propagação já foi superado. As técnicas de enxerto desenvolvidas nos centros de pesquisa já são capazes de produzir grandes quantidades de mudas.

Outro problema relacionado por Valdomiro Souza é o aparecimento de doenças causadas por fungos no bacurizeiro durante o período de crescimento da planta, mas o problema ainda persiste porque no Piauí não existe fitopatologista para estudar a doenças e combatê-la.

Apesar das dificuldades, os avanços alcançados são animadores e estão apenas em sua fase inicial. A boa expectativa é gerada pela grande procura pelo fruto de seus produtos por importadores, fruticultores, distribuidores e pela demanda em geral da população.

Um comentário:

  1. como faço para comprar mudas de bacuri?se alguem tiver alguma imformação!

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