sexta-feira, 12 de junho de 2009

Pesquisa estuda melhor sistema de plantio de milho para o Nordeste

Clara Rocha

Raimundo José de Sousa Rocha (foto) é professor do Colégio Agrícola de Teresina-CAT, formado em Agronomia pela Universidade Federal do Piauí-UFPI, Mestre em Ciência Animal pela UFPI e doutorando pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho-UNESP, no campus de Jaboticabal-SP, com a tese sobre Adubação nitrogenada em milho cultivado em semeadura direta e convencional.

Durante as pesquisas da tese Raimundo José realizou experimentos para comparar dois diferentes tipos de sistemas de plantio, a semeadura direta – uma técnica recente surgida nos EUA – e a semeadura convencional – como o próprio nome já traduz, uma técnica mais comum. O pesquisador buscou avaliar e saber qual dos dois sistemas era mais eficaz para ser utilizado no Nordeste e melhorar a produtividade e a qualidade do solo na nossa região.

A sua pesquisa busca avaliar dois tipos diferentes de técnicas de plantio. Como aconteceu a pesquisa e qual é o seu objetivo com ela?

Essa pesquisa é um experimento de campo onde nós trabalhamos com milho avaliando doses de nitrogênio, que é um fertilizante, e dois sistemas de plantio (direto e convencional). Serão avaliadas seis doses de nitrogênio 0,40, 80, 120, 160 e 200 quilos por hectare. Já quanto ao sistema de plantio será testado o plantio direto, que é uma nova forma de preparo do solo, onde o solo só é arado e preparado no início do plantio, e o plantio convencional, que é aquele onde o solo é preparado todas as vezes que é efetuado um plantio.

O objetivo da pesquisa é saber qual a técnica que mais aumenta a produtividade do milho, através de diferentes doses de nitrogênio e tipos de plantio.

O que você descobriu com esse experimento?

Os resultados parciais têm demonstrado que o plantio direto é mais eficiente, pois esse tipo de técnica protege o solo contra a erosão e o desgaste e a produtividade do milho foi maior. Por outro lado, o plantio convencional tem se mostrado pior para o solo. O uso dessa técnica vai deteriorando o solo aos poucos, o que, em longo prazo provoca a erosão, perda da fertilidade, compactação do solo e redução na produtividade.

Plantações de milho por plantio convencional e por semeadura direta


Como surgiu a idéia de fazer essa pesquisa?

Surgiu com a preocupação de conservar e preservar os solos cultivados, que com o manejo corrente (plantio convencional) invariavelmente, com o passar do tempo, ocasiona erosão, perda da fertilidade e compactação do solo, diminuindo consequentemente a produtividade.

A minha idéia com essa pesquisa é testar esse novo modelo (o plantio direto), surgido primeiramente nos EUA e já utilizado no sul do Brasil, para ser utilizado também no Nordeste.

Quem podem ser os beneficiados por essa pesquisa?

Todos os agricultores podem se beneficiar com essa pesquisa, tanto os pequenos como os grandes. Os que se preocupam com a preservação do solo com certeza terão interesse em utilizar esta técnica do plantio direto.

Você acha que o agricultor piauiense irá aceitar o uso dessas novas técnicas?

Acredito que as pessoas vão ter uma certa dificuldade inicial pela forma que historicamente já vêm conduzindo a agricultura, entretanto com os resultados e divulgação dessas pesquisas onde os primeiros resultados demonstram uma maior produtividade nos solos manejados em plantio direto, e considerando ainda, que esse sistema é mais econômico pois utiliza menos implementos agrícolas, há de se crer que os agricultores adotarão essa nova técnica.

Como essa pesquisa ajuda a minimizar o impacto da agricultura no meio ambiente?

A pesquisa ajuda na medida que ela avalia e comprova as vantagens do manejo do solo com o plantio direto, dessa forma, os agricultores que utilizarem esta técnica – comprovada pelas pesquisas como a mais eficiente – estarão preservando o solo e consequentemente o meio ambiente.

Você acha que os estudos na área da agronomia estão preocupados em encontrar novas técnicas para preservar o meio ambiente e o solo?

Sim. Além dessa, inúmeras outras pesquisas avaliam aumentos de produtividade, testam níveis de erosão do solo, melhores doses de fertilizantes, evitando a aplicação excessiva dos mesmos, o que prejudica o meio ambiente. Outras pesquisas avaliam a quantidade de água que deve ser utilizada na cultura, também colaboram para o uso racional da água. Enfim, são inúmeras as pesquisas que buscam minimizar o desgaste do meio ambiente com a prática da agronomia.

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