sexta-feira, 5 de junho de 2009

Onda Verde: supermercados aliam economia à preservação ambiental na redução do uso de sacos plásticos

Clara Rocha

Os primeiros supermercados surgiram há mais de 70 anos nos Estados Unidos. A idéia de deixar para trás as pequenas mercearias e fazer um grande empreendimento com todos os produtos que o cliente poderia querer, para que ele mesmo se servisse foi do americano Michael Cullen.

De lá pra cá, os supermercados cresceram e hoje um hipermercado – o irmão crescido do supermercado – vende até 50 mil diferentes produtos em um só espaço. Como conseqüência de tanta variedade e conforto, vieram os empacotadores de produtos e os bilhares de sacos plásticos utilizados para embrulhar e transportar com mais facilidade tudo o que era comprado nesses estabelecimentos.

Atualmente, o mundo produz cerca de 500 bilhões de sacolas plásticas por ano, são quase 1,5 bilhão por dia. No Brasil os números também são impressionantes, mais de um bilhão de sacolas são distribuídas por mês nos supermercados. Considerando que cada uma delas demora cerca de 300 anos para se decompor, e que grande parte dessas sacolas vão para o lixo sem nenhuma utilidade, pode-se ter noção do mal e da poluição que o consumo das sacolinhas traz para o meio ambiente.

Por isso, de olho na “ajudinha” que poderiam dar ao planeta e considerando a economia e a redução de custos com a fabricação de tantas sacolas de plástico, muitas empresas brasileiras vêm seguindo a onda verde. Trata-se de dar descontos para quem deixar de utilizar as sacolas poluentes, de preferir material reciclado para fabricar as embalagens de seus produtos, instalar estações de reciclagem em suas lojas, etc. Enfim, as idéias são as mais diferentes e ecologicamente corretas possível.

No Piauí, uma rede de lojas oferece duas estações de reciclagem para que o consumidor possa utilizar. Basta que o cliente separe o seu lixo em casa mesmo, e leve para as lojas. Lá, todo o produto é reciclado.

Além disso, a mesma rede de lojas reforçou a resistência de suas sacolas de plástico. A idéia é que as sacolas comportem mais produtos e consequentemente menos sacolinhas sejam utilizadas. Assim, o cliente ganha levando menos “lixo” para casa, a rede de lojas ganha economizando com a fabricação das sacolas e o meio ambiente é poupado de mais poluição.

“A maioria dos sacos plásticos usados nos supermercados suporta de dois a três quilos. Nossa sacola consegue suportar até cinco quilos. Dessa forma, menos material é desperdiçado. Além de reforçar nossas sacolas, ainda criamos e disponibilizamos para nossos clientes sacolas feitas de material biodegradável e estilizadas, que podem ser usadas sempre nas pequenas compras. Assim, se abole de vez o uso do plástico”, afirma o gerente da rede de supermercados no Piauí.

A servidora pública Fernanda Alves faz compras semanalmente e garante que já comprou sua sacola estilizada para as compras menores. Além disso, Fernanda garante estar em dia com o meio ambiente e também evita ao máximo usar as sacolas de plástico quando faz compras maiores.

“Para evitar o uso do plástico para embalar os produtos, eu trago caixas de papelão de casa ou, muitas vezes, guardo os sacos das últimas compras e reutilizo todos. Assim ajudo o meio ambiente e as próximas gerações que não vão precisar conviver com o lixo que deixamos por aqui hoje”, enfatiza Fernanda Alves.


Conscientização quanto ao uso de sacolas plásticas não é unanimidade

Mas, nem todo mundo concorda que deixar as sacolas plásticas de lado é um bom negócio. De acordo com a autônoma Maria Santos, os sacos oferecidos pelos supermercados ainda são a melhor e mais prática forma de transportar os produtos para casa. Para Maria, apesar das idéias ecologicamente corretas que vêm surgindo, não existe ainda nada mais fácil e prático do que as sacolas.

Pessoas que pensam como Maria Santos são cada vez mais difíceis. De acordo com o gerente de uma rede de supermercados no Piauí, os consumidores estão aderindo ao uso de sacolas biodegradáveis e a procura por esse tipo de produto é cada vez maior. Até porque as sacolas são uma alternativa prática, moderna, elegante e trazem estampas e modelos para todos os gostos. A conseqüência da nova moda é boa para a natureza e para as próximas gerações.

Não importa a forma ou como irá se transportar os produtos comprados no supermercado. O importante e necessário é que as pessoas tenham consciência de que o mundo e o meio ambiente pedem socorro e é mais do que obrigação da população encontrar meios para melhorar a vida no planeta.

“O mundo está abrindo os olhos para a situação caótica que estamos vivendo. Ou mudamos nossos hábitos ou muito brevemente seremos vítimas dos fenômenos da natureza que surgem em decorrência da poluição e do desperdício. Por isso, o meio ambiente agradece e necessita de iniciativas como a reciclagem e a redução do uso de materiais não-renováveis e que demoram para se decompor, como os sacos plásticos”, afirma a professora do curso de Meio Ambiente, Amanda Veras.


Iniciativa Parlamentar

No início desta semana - em que se celebra o Meio Ambiente - , o Deputado Estadual Fábio Novo (PT) apresentou um projeto de lei na Assembléia Legislativa que obriga os estabelecimentos comerciais do Estado a utilizarem embalagens plásticas oxi-biodegradáveis para o armazenamento de produtos.

O objetivo da iniciativa do parlamentar é substituir o uso dos sacos plásticos por sacolas feitas com materiais que se decompõem mais rapidamente através do sol e do calor. A decomposição das sacolas biodegradáveis pode acontecer em 60 dias.

O projeto ainda deve ser estudado e votado pela Assembléia e em seguida precisa da sanção do Governador do Piauí. Se aprovada, os empresários piauienses terão um ano para se adaptar à nova lei.

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