segunda-feira, 29 de junho de 2009

“Lixo? Eu chamo isso de matéria prima fora da linha de produção”

Sanmya Meneses

Caminhões e pé na estrada. Por vinte anos essas foram as palavras de ordem para o motorista João Marçal de Bezerra. Trabalhando no transporte de garrafas pets e adubos orgânicos, o carreteiro começou a observar a riqueza do ‘lixo’ que ele conduzia.

Levado pela crise no setor de transporte, João Marçal foi obrigado a procurar alternativas para sustento. Com tesoura, garrafas pets e uma boa idéia, o ex-motorista de caminhão transformou o que antes era desperdiçado, em uma forma de ganhar a vida. Desde 2002, ele mantém uma empresa de fabricação de vassouras a partir do reaproveitamento de garrafas pet.

“Eu costumo dizer que essa idéia foi algo completamente inesperado. Já observando o material que eu transportava, resolvi pegar uma tesoura e colocar a ‘mão na massa’. No início foi muito difícil; mas com a prática eu fui entendendo o funcionamento da matéria prima. Hoje, eu utilizo o bisturi no lugar da tesoura, pois os resultados são bem melhores’, conta Marçal.



Produzindo cerca de 150 unidades por dia, o pequeno empresário conta com uma equipe de dois funcionários e mais três pessoas responsáveis pela coleta de garrafas nas ruas, além de dezenas de voluntários que também contribuem para que o trabalho seja realizado. “Uma ajuda bastante importante que eu tenho é da Rádio Pioneira de Teresina. Vários ouvintes me procuram e eu vou até as residências fazer a coleta das garrafas”, ressalta.

Mesmo com essa ajuda a carência de garrafas ainda é grande segundo o microempresário. Os produtos são fornecidos para hospitais, empresas e também para a Prefeitura Municipal de Teresina, totalizando cerca de 3.500 vassouras por mês. Produção essa, que segundo João Marçal poderia ser dobrada caso ele tivesse acesso a mais garrafas de plástico.


CONSCIÊNCIA AMBIENTAL E ECONOMIA

As vassouras de pet chegam ao consumidor final por um valor de R$ 4, 00, o que no bolso significa uma economia de até 50% em comparação as vassouras semelhantes que existem no mercado. Para a empregada doméstica Claudete Silva, as vassouras recicladas são muitas vezes mais eficientes do que as comuns. “Para alguns tipo de serviço, como lavar banheiros, essas vassouras são mais indicadas, e ainda duram bem mais tempo que as outras”, afirma ela.

Mais do que uma forma de poupar dinheiro, a reciclagem é uma ferramenta importante para a sustentabilidade do planeta, mas que ainda é pouco utilizada em Teresina. Segundo o ex-caminhoneiro, algumas visitas ao aterro sanitário da capital o fizeram perceber a quantidade de plástico e de material orgânico que poderia ser reaproveitado. “Eu não gosto nem de chamar isso de lixo, para mim isso é matéria prima fora da linha de produção”, afirma João Marçal.

Uma garrafa plástica pode levar um milhão de anos para decompor-se. Quando o plástico é depositado em lixões, os problemas principais são relacionados à queima ou ao acúmulo do material. O excesso de plástico no meio ambiente altera a decomposição dos materiais biologicamente degradáveis, comprometendo as trocas de líquido e gases necessárias para o processo de decomposição.

O microempresário esclarece que apenas 10% dos produtos comercializados em Teresina têm procedência da reciclagem. Os produtos mais freqüentes são as sandálias femininas da marca Gaúcha, que são comumente encontradas no centro da capital.

Entusiasmado, o empresário afirma que a reciclagem poderia ser uma alternativa para o desenvolvimento do Estado. “Além de empregos, a receita de ICMS (Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviços) gerado pela venda desses produtos iria contribuir para entrada de dinheiro no Piauí”.

Mais do que financeiramente recompensado, João Marçal se emociona ao falar que mais do que dinheiro a reciclagem proporciona que ele tenha diariamente um verdadeiro exercício de ajuda ao meio ambiente.


Fábrica de Vassouras de Garrafas Pets
Rua Gabriel Ferreira 1353- centro. Teresina -PI
Fone : (86) 3081 7274

Aprenda a fazer uma vassoura de garrafas pet



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