sábado, 13 de junho de 2009

Bagaço de cana-de-açúcar é alternativa para produção de energia

Sanmya Meneses

Até o início da década de 90, dois terços do bagaço de cana utilizado nas usinas de açúcar e álcool não tinham uma finalidade específica. Terminada a produção, os resíduos que eram aproveitados acabavam se transformando em ração animal ou simplesmente em lenha. Foi atentando para esse fato, que os produtores de cana resolveram pensar muito bem antes de desperdiçar esses bagaços.

Há muito tempo o Brasil tenta produzir formas de energia alternativas ao petróleo, como é o caso da energia eólica ou solar. A chamada ‘energia limpa’ é decorrente do uso de recursos naturais que não geram GEE`s (gases de efeito estufa) ao final da produção. A energia gerada a partir do bagaço de cana-de-açúcar surgiu recentemente com essa característica e se apresentando com uma importante opção no setor.

No Piauí, desde o ano de 2008, o grupo Olho d’Água vem produzindo energia limpa genuinamente piauiense. Gerada a partir do aquecimento do bagaço em caldeiras, a energia é resultado de vapor, exatamente como acontece nas usinas termoelétricas. A diferença? A ausência de queima de carvão ou derivados do petróleo, que trazem conseqüências de aquecimento para o planeta.


Luis Melo, diretor de operações da Comvap, empresa ligada ao Grupo Olho d’Água, explica que a utilização da cana-de-açúcar como combustível é especialmente interessante por formar o chamado ‘ciclo fechado’. “A planta é capaz de absorver o gás carbônico, que é liberado na atmosfera durante a combustão da cana para gerar energia. Dessa maneira, o poluente produzido é consumido pela plantação, e não há danos ao ambiente.”, conta o diretor.

Os geradores da companhia são interligados ao Sistema Nacional de Energia Elétrica e o abastecimento de toda a empresa é feito de forma independente.“Através de uma rede ligada à Companhia Energética do Piauí (CEPISA) nós não somente consumimos a energia, mas também transmitimos a que produzimos aqui. A produção é capaz de abastecer uma cidade com cerca de 10 mil habitantes”, explica Melo.


Economia no bolso

Especialistas apontam que mais do que uma contribuição para a natureza, ações sustentáveis também ajudam economicamente as empresas que se propõem a colocar em prática iniciativas como a da Comvap.

A tecnóloga em gestão ambiental, Liziana Leite, explica que a empresa ganha pontos no mercado ao optar por ações ecologicamente corretas. “A corporação já sai na frente economicamente e também em marketing. A partir do momento que a companhia passa a economizar no consumo de energia elétrica, ela pode investir em outras áreas. Além disso, hoje, o mercado visa a gestão ambiental dentro das empresas principalmente quando pretendem dar ou receber investimento”,explica Liziana.

Um bom exemplo é o da FIAT, que investiu cerca de US$ 10 milhões numa estação de tratamento, para que 92% da água por ela utilizada fosse reaproveitada, economizando com isso cerca de US$3,5 milhões por ano. Além disso, a Fiat conseguiu reciclar 90% dos resíduos gerados durante o processo de produção dos automóveis, o que lhe rende, mensalmente, US$ 1,2 milhão.

Outros tipos de ações iguais já estão sendo realizadas em várias empresas nacionais e internacionais. Tudo se inicia com a criação de um Sistema de Gestão Ambiental- SGA, baseado nas normas da ISO 14000, que orientam para aplicações de gerenciamento e educação ambiental dentro de empresas.

“Não só empresas de grande porte podem investir em gerenciamento ambiental. A norma ISSO 14001 é voltada, principalmente, para empresas de pequeno e médio porte. É se espelhando nessa norma que qualquer companhia pode fazer a implantação do SGA”, finaliza a tecnóloga.

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