quinta-feira, 9 de julho de 2009

Crítica de notícia do portal O Fuxico

Adara Gomes

Título: “Deborah Secco e Roger Flores saem para almoçar”
Chapéu: Dia de Passeio

Estava vasculhando alguns sites na manhã desta sexta-feira, dia 03 de julho, quando me deparei com a seguinte notícia: “Deborah Secco e Roger Flores saem para almoçar”.

Antes de abrir a notícia em si, fiz rapidamente um levantamento das hipóteses possíveis acerca do teor da matéria. Sim, porque, ao meu ver, os jornais, tanto impressos quanto on-lines, devem ter prioritariamente a preocupação de escreverem matérias que sejam, de alguma forma, relevantes para os leitores e não apenas “atrativas” aos acessos.

De qualquer maneira, pensei em quatro hipóteses que seriam relevantes para os fãs de Deborah (ou até de Roger), ou para a imprensa em geral, os seguintes:

1.Um dos dois (ou até mesmo os dois) teriam comido algo estragado no almoço e teriam sido internados.

2. A atriz em questão deveria ter dito, no dia anterior, que faria jejum em memória das crianças africanas que não ganham ovos de páscoa. E desta forma, havia descumprido sua promessa.

3. Haveria alguma possibilidade de separação do casal?

4. Alguma coisa subitamente estranha aconteceu nesse almoço, e quando digo “estranha” posso fazer uma comparação como algo do estilo: “arroz continha alguma espécie de drogas?”

Por fim, fui “clicar” na notícia, já não esperando algo de muita importância, na verdade. O teor da notícia era apenas uma foto onde Deborah, seu marido, mãe e enteada passeavam para almoçar. A matéria era exatamente assim:

“Nada de almoçar em casa. O domingo foi feito para reunir a família e passear. Deborah Secco, por exemplo, foi com o marido Roger Flores, com a mãe Silvia e a filha do jogador, Lara, almoçar num restaurante localizado na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.”

Enfim, a matéria não me sugeriu nada e muito menos, conseguiu me acrescentar algo novo, ou até mesmo uma informação “importante” sobre Deborah Secco ou sua família. O que ela e o resto de sua família fez são coisas que se repetem normalmente em nossas casas e em nossa rotina, a diferença é que não somos atrizes, nem celebridades, no caso, da Globo.

E é exatamente isso que me assusta. Fico assombrada com o fato de a mídia dar tanta importância a uma coisa tão prosaica, tão sem importância. Isso é o que chamamos na língua coloquial de: “encher lingüiça”, ou na língua web-jornalística: “falta de matéria”.

Agora me pergunto: “O que está notícia vai influenciar em minha vida?” Por acaso isso vai mudar o mundo, ou até minha forma de ver as coisas? Ao meu ponto de vista, claro que não.

Não estou aqui querendo dar uma de pseudo-culta, afinal, quem não gosta de uma fofoca de vez em quando? O fato é que a indústria da fofoca está faturando cada vez mais alto e em troca massacra nossos artistas para satisfazerem nossa curiosidade. Ser uma celebridade hoje em dia é sinônimo de não ter privacidade nem para ir a um almoço, como no caso. Daqui a pouco, até quando um artista for ao banheiro, será fato noticioso.

Será que a sociedade não está virando uma cultura alienada? Ou como diria Mauro Wolf, a cultura não está novamente se tornando massificada?

O autor italiano, em seu livro “Teorias da Comunicação”, repassa criticamente todas as teorias acerca da comunicação de massa e conclui que ‘de uma forma global, todos os estudos acerca da forma da mensagem mais adequada para fins persuasivos, salientam que a eficácia da estrutura das mensagens varia, ao variarem certas características dos destinatários, e que os efeitos das comunicações de massa dependem essencialmente das interações que se estabelecem entre esses fatores’.

E por alguns jornalistas não levar em conta todas essas variáveis, uma boa parte desse tipo de matérias produzidas resulta em algo sem sentido ou totalmente irrelevante, que, infelizmente, só nos leva ao atraso intelectual, ao meu ver.

Enfim, para não perder totalmente o foco, o que os verdadeiros jornalistas (e com diploma) deveriam fazer é escolher realmente o que for relevante, algo que aprendemos rotineiramente em nossos estudos e universidades: “O jornalista sabe o que é ou não é notícia”. Então porque não utilizar esta nossa base fundamental do ser midiático? Porque, sinceramente, a política do “pão e circo” de tempos medievais já se foi em muitas sociedades, mas ainda impera em algumas “imprensas”.

E daqui a pouco vem outro carnaval, nasce o bebê da Ivete Sangalo, a Cláudia Leitte resolve ter outro filho e mesmo assim, vai continuar havendo fome, outras tragédias naturais, como a de Cocal (ou mais especificamente em Algodões I, no Piauí), roubo e crimes atingindo a todos nós. E para nós?! Quais serão as melhores opções de notícia?!

ANÁLISE DE NOTÍCIA NO PORTAL WWW.180GRAUS.COM

Adara Gomes

Título: Feto de quase três meses é encontrado em horta. Veja!!
Chapéu: Tava dentro de saco plástico

Analisando alguns portais de notícia locais me deparei com a seguinte matéria “Feto de quase três meses é encontrado em horta. Veja!!”. Até certo ponto a matéria frisava exatamente o assunto principal: um feto encontrado. Porém para dar uma melhor estética no título e por falta de palavras a acrescentar, o jornalista do site em questão, no caso o 180graus, colocou um “Veja” e ainda sucedido por dois pontos de exclamação. A utilização desses acréscimos me trouxe um certo desconforto pessoal.

A primeira coisa que denoto é que a necessidade de um “Veja” em uma notícia, parece se tratar mais de alguma coisa menos catastrófica. Em geral, a utilização desta expressão é para matérias mais amenas e não tão trágicas. Pois bem, logo depois percebo os dois pontos de exclamação que expressam ainda mais um ar de “empolgação”. Na minha realidade é uma sinonímia de alguma coisa do estilo: “O circo chega a Teresina. Veja!!”.

Porém, nos portais de notícia, principalmente, o objetivo principal é a atração de leitores. Consequentemente, quanto mais leitores, mais acessos. E os acessos são a base principal da sobrevivência de um site. Palavras como “Confira” e “Veja” são bastante utilizadas para esta prática de atração de leitores. Porém o que eu estou tentando frisar é que existem certas matérias em que a utilização destas expressões não caem adequadamente, como a notícia em questão, sobre a morte do feto.

Passamos então para o Chapéu da matéria: “Tava dentro de saco plástico”. Em uma breve análise do site 180graus, podemos perceber que eles gostam de usar palavras mais coloquiais com o intuito de se aproximar mais de seu público e desta forma, atrair mais leitores e muito mais acessos.

Porém, ao meu ponto de vista, isso é uma agressão ao intelecto popular. A palavra “tava” não aproxima de modo algum o portal de seus leitores, pelo contrário, o objetivo midiático tem por base principal “educar” e transformar a opinião de seus leitores. A utilização deste tipo de palavra, totalmente coloquial, não condiz com a prática de um jornalismo conceituado.

Bem, para completar, podemos citar que diariamente temos inúmeras mortes na capital como um todo, que os jornalistas não dão conta de noticiar todas, porém o que chama a atenção nesta notícia é a questão de ter ocorrido à morte de um feto, ou seja, uma mãe abortou e abandonou seu filho dentro de um saco plástico. O símbolo que a figura de uma “mãe” repassa aos cidadãos é de um ser protetor, de alguém que poderia fazer mal a qualquer um menos a seu filho. Isso colocando a situação integrada na maioria dos casos e utilizando o conceito embutido na figura da palavra “mãe”. Porém, nesta matéria este ser simbolizado pelo amor de uma mãe matou seu próprio filho.

Adentrando à matéria, encontro outro chapéu: “Feto dentro de saco plástico” e o título: “Feto de quase três meses encontrado em horta. Veja”. Podemos então perceber a atuação de um editor nesta matéria. Com o uso da palavra “feto” duas vezes consecutivas na mesma chamada, o responsável pela equipe de jornalismo deve ter retirado a palavra “feto” e acrescentado o “Tava”. Algo que não teria ferido tanto a estética da notícia, seria a permanência da palavra feto (ao invés dessa palavra agressora do intelecto de seus leitores, no caso o uso do “tava”).

Também percebemos a reutilização da expressão “Veja”. Mas não vou me alongar novamente neste assunto, pois já foi percebido que este uso coube exatamente para o preenchimento de espaços na página inicial (já que se cortássemos o “Veja”, a notícia terminaria na palavra “horta” e um espaço em branco seria percebido na estética do portal).


Bem, então vamos à matéria:


Foi encontrado na manha desta segunda-feira (06) por populares um feto de aproximadamente três meses. Ele estava nas proximidades das hortas da Santa Maria das Vassouras, zona Norte de Teresina.

Os policiais relataram que ele estava dentro de uma sacola de plástico jogado no meio da rua. O saco já foi recolhido pela perícia que vai analisar as digitais deixadas.

O feto que já estava em praticamente formado foi levado para o Instituto Médico Legal (IML). O caso esta sendo acompanhado pela 22ª Distrito Policial que trabalha para tentar identificar a mãe.

Logo no primeiro parágrafo notamos a ausência do acento na palavra “manhã” e da falta de vírgulas entre a expressão ‘por populares’. Tirando isso, a matéria apresenta bem o lead da notícia, explicando o quê foi encontrado, por quem, quando e onde.

No segundo parágrafo podemos notar algo bastante utilizado por alguns jornalistas atualmente: a ausência da comprovação de fatos. Porque digo isso? Pelo simples fato de a redatora em questão ter iniciado a frase com “policias relataram”. Que policiais disseram isso? Como era o nome deles? Quem eram? Porque ela não especificou? Então fica um pouco claro (para quem já tem certo conhecimento do interior de uma redação), que o jornalista apenas refez a matéria de algum outro meio de comunicação e o noticiou, sem uma prévia constatação de a notícia era mesmo verdadeira ou não. Fora isso, o parágrafo está bem escrito.

Já no terceiro e último parágrafo, a matéria termina falando mais sobre o feto encontrado morto e quem está investigando o caso. O que me incomoda muito é perceber a preposição “em” sem nenhum sentido na frase “já estava em praticamente formado”. Está claro que ela não deveria ter sido utilizada nesse período, porém por pressa ou falta de análise posterior, tanto do jornalista redator, quando do editor do portal, a expressão sem utilidade continuou na matéria.

Mas fora erros gramaticais citados, a matéria passa o conteúdo principal que queria noticiar. Acredito que para finalizar adequadamente, a matéria poderia ter englobado melhor sobre o trabalho da polícia em identificar a mãe. Como eles estão tentando encontrar a mãe? Só através da procura de impressões digitais? Algum popular tem suspeitas de quem seja a mãe? Se sim, não foi citado de forma alguma na matéria.

ANÁLISE DE PRODUÇÕES MIDIÁTICAS LOCAIS

JORNAL O DIA, DE 06 DE JULHO DE 2009

ABORDAGEM ESTÉTICA

Camila Costa

O Jornal O Dia é uma produção impressa local que se diferencia das demais, pelo fato de ter, recentemente, adotado um modelo mais atrativo, mais sedutor de suas formas. A busca pelo belo, a produção de emoções pelos fenômenos estéticos passou a ser item fundamental no jornal. Enquanto todos os impressos no Piauí apresentam a capa com as mesmas características (uma foto ao lado de um pequeno texto que leva à matéria em si), o jornal em análise busca uma maneira de seduzir o leitor, principalmente na primeira página, através das imagens, cores (no jornal em análise, é usada a cor laranja para destacar a parte do esporte, que é o tema mais explorado aos finais de semana) e das suas chamadas destacadas. Todas essas imagens são passíveis de percepção estética – logo, de apreciação e informação.

No jornal em análise, a foto superior de capa, que mais chama atenção, foi feita no evento ocorrido no final de semana – o Piauí Pop – em que a banda Biquíni Cavadão ergue a bandeira do Estado, num gesto de valorização do nosso Estado.

O que podemos extrair de tudo isso é que a teoria do discurso estético parte do princípio de que, se a imagem também é um texto e há discurso das imagens, não apenas semântico, deve haver discurso estético, sintático, perceptível não logicamente, mas esteticamente.

“É possível analisar linhas de formas, texturas, cores nas imagens produzidas por uma sociedade, uma instituição ou um período, e a partir dessas marcas encontrar formas de interpelação (posicionamento e poder) e valorizações de determinados conceitos que são fundamentalmente ideológicos.”

“A análise de uma imagem é uma atividade semelhante à análise de discurso, mas tendo por objeto analítico especificamente imagens. Este tipo de estudo ou técnica tem por método interpretar e “desconstruir as imagens, em conteúdo e forma, considerando o contexto histórico-social de produção, o autor (emissor) e o público (receptor) que participaram de sua criação, com a finalidade de compreender e identificar sentido nas imagens.”

No entanto, analisando as demais páginas e cadernos do jornal percebe-se, principalmente no 1º caderno as imagens e textos não foram dispostos de modo sedutor. Com muito texto e pouca imagem, o que seduz é tão-somente a grande e variável quantidade de informações, pois são várias notícias “bombardeando” uma página e quem olha quer ler um pouco de tudo. Porém como dito, são pouquíssimas as imagens e, assim, muitas notícias ficam “pobres”, por não terem fotografias.

No caderno Dia-a-dia, o veículo de comunicação optou por abordar apenas o evento Piauí Pop, ocorrido no final de semana que antecedeu a data deste jornal. O caderno foi recheado de fotos, dos mais diversos momentos do evento. No último caderno – Concursos & Empregos, parece não haver preocupação nenhuma com a estética. Apenas a capa é em cores e com algumas imagens ajudando a atrair o leitor. Nas demais páginas não há uma foto ou ilustração sequer. Além disso, o texto foi posto de tal maneira que (quase) ninguém que olhar para a página se interessará por ela.

Numa reflexão sobre os cadernos de uma forma geral, somos levados a crer que as matérias que estão sem foto, principalmente no 1º caderno, foram feitas, com a devida licença, de qualquer modo. A impressão que passa é que o repórter não esteve no local dos fatos, pois se estivesse haveria imagens que comprovassem.


ABORDAGEM CRÍTICA

Continuando na mesma esteira da análise estética do Jornal O Dia, de 06-07-2009, podemos citar o caso do caderno Concursos & Empregos, que trata unicamente de oportunidades de emprego e concursos fora da realidade piauiense. Se fizermos uma pesquisa, veremos que há concursos abertos ou na expectativa de serem abertos em diversos municípios piauienses. Dois concursos encerraram as inscrições recentemente (TJ-PI e TRE-PI) e os jornais locais poderiam fazer uma abordagem sobre o tema.

Muitas pessoas saem da sua terra natal para trabalhar em outros locais, mas isto não é a regra. O que o leitor da cidade de Teresina ou demais municípios do Piauí quer ver ao ler o jornal local é oportunidades na sua região. Os concursos divulgados pelo Jornal O Dia eram destinados aos seguintes locais: Paraíba, Paraná, Distrito Federal.

Em relação ao caderno que se voltou totalmente para o PI POP, o Dia-a-dia, foi emitido um juízo de valor muito nítido ao falar do festival. Com o título “PI POP 2009 deixa saudades”, o jornal O Dia passou uma imagem extremamente positiva sobre o evento. Isto é de certo modo arriscado, pois se o leitor souber que a empresa O Dia é uma das grandes patrocinadoras do festival, ele deve ler mais cuidadoso sobre o que o jornal está falando sobre o assunto. Senão será um mero reprodutor do discurso emitido pela mídia. É certo que não foram divulgados em veículos locais ou por meio de boatos notícias negativas sobe o festival, mas o jornal foi muito opinativo (quando deve buscar, na medida do possível, a imparcialidade) quando não deveria ter sido.

Em relação a isto, pode-se falar sobre o jornal Meio Norte da segunda-feira subsequente à realização do Planeta Micarina (cujo responsável pelo evento é o próprio Grupo Meio Norte). Chegou a ser ridícula a abordagem do jornal sobre o evento. Da primeira à última página, falava-se da perfeição do evento, enquanto os demais meios de comunicação locais retratavam o fracasso, a desordem e a falta de segurança do evento. Portanto, observamos nos jornais locais a divulgação daquilo que mais convém ao grupo que está investindo naquele determinado evento, fato ou tema. E se o cidadão que observar aquilo não “consumir” aquela notícia com cautela, será um mero reprodutor deste mesmo discurso.

A manchete do jornal O Dia que está sendo analisada traz o seguinte título: “Estado vai pagar R$1,2 mi por mês em precatórios”. Após uma busca no portal O Dia, encontramos no mesmo dia da publicação deste jornal, uma notícia sobre o assunto (pode-se dizer até que é a mesma notícia) intitulada “Precatórios do Estado chegam a R$ 270 milhões”. O momento de postagem foi 06 de julho de 2009 – 03h51min, e a notícia traz a foto do presidente da OAB-PI, Norberto Campelo discursando. Pela leitura somos levados a crer que essa matéria foi “adequada” para ir à capa. Não é notícia de última hora, é algo sabido há tempos. Além disso, o presidente da OAB não estaria proferindo palestra durante a madrugada de domingo para segunda. A ideia foi colocar a foto para passar uma imagem de realidade, de preocupação e de ineditismo.
Portanto, para mim fica a sensação de que não se tinha assuntos para abordar nesta edição do jornal.

É sabido que às segundas-feiras os jornais são sempre menos atrativos e impactantes do que aqueles feitos durante a semana, que é o período em que “as coisas acontecem”. Mas colocar esta matéria sobre os precatórios na capa foi, para quem busca apurar o tema, uma abordagem, no mínimo, discutível. Além disto, chamadas de capa como “Correios fará concurso para 12 mil vagas” são informações já divulgadas há vários dias.


CONCLUSÃO

Portanto, é de suma importância que se façam reflexões e apurações como a exigida nesta disciplina, pois treina os alunos a serem críticos e procurarem nas entrelinhas tudo o que se passa por trás da divulgação de uma notícia nos jornais locais, por mais boba que ela possa parecer. É a análise de discurso das produções midiáticas locais.

O Jornal O Dia buscou, ao menos nesta edição estudada e na medida do possível, abordar fatos locais relevantes e interessantes ao cenário piauiense. No entanto, a crítica que se faz é que todas estas informações podem ser obtidas através da internet e muito antes de um jornal sair às bancas. Logo, o cidadão que paga uma assinatura ou vai a uma banca e paga R$ 2,00 por dia por uma jornal impresso quer ver abordagens mais aprofundadas, mais embasadas e mais complexas, e não aquilo que pode ser visto a qualquer momento pela web.

OBS¹: As citações colocadas no trabalho foram extraídas das anotações feitas durante as aulas da disciplina “Estética e Crítica da Mídia”.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Pesquisa estuda problemas de enchentes na Vila Verde Lar, em Teresina

Tabata Magalhães

Todos os anos a Vila Verde Lar, localizada na zona Leste de Teresina, sofre com enchentes e inundações causadas pelas cheias do rio Poti. Com o objetivo de realizar um diagnóstico da situação dos moradores, pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI) estão analisando as condições da região.

O resultado preliminar da pesquisa constatou que a maioria das pessoas da Vila mora em áreas de risco, já que há o predomínio de encostas na região. A ocupação dessas ribanceiras aumenta o escoamento das áreas superficiais, a erosão do solo e a destruição das casas, os quais podem levar a desastres se não forem resolvidos.

A Vila Verde Lar, que foi ocupada por um processo de invasão, em 1999, até hoje está situada em terras devolutas. “Os problemas da comunidade são ocasionados pela inexistência de uma política habitacional e pelo processo acelerado de crescimento urbano da capital, além da falta de fiscalização da Prefeitura para evitar a ocupação dessas áreas”, explicou Renato Sérgio Sousa, coordenador do Núcleo de Geoprocessamento do IFIT e responsável pela pesquisa.

O estudo pretende apresentar soluções para ajudar a urbanização sem perder do foco nos moradores da região. “Estamos aplicando questionários para avaliar as percepções ambientais e condições socioeconômicas das pessoas”, disse Ana Carolina Rodrigues, uma das estudantes envolvidas no projeto.

A previsão da conclusão da análise dos questionários está prevista para esta semana, quando será possível fazer um mapeamento da situação local e a retirada de uma amostra que atenda equitativamente mais áreas do bairro.

domingo, 5 de julho de 2009

APIPA: Cuidado e proteção aos animais

Misael Rodrigues

Surgida a partir da união de pessoas que tinham o mesmo ideal a APIPA (Associação Piauiense de Proteção aos Animais) tem a função de acolher os animais que estão abandonados ou aqueles que os donos não querem mais.

A intenção da Associação na verdade é dar o melhor destino para os bichos que é colocá-los para a adoção, além de oferecer cuidados médicos e alimentação adequada. Alem disso tem toda uma equipe de profissionais como veterinários que auxiliam na recuperação de cachorros, gatos e outros bichos.

De acordo com Isabel Santos, uma das coordenadoras da APIPA, existe o projeto de construir uma unidade maior para abrigar mais animais. Outra importante ação dos componentes da APIPA é a criação da campanha SOS VIRA LATAS que visa convencer a população que todos devem agir com atitudes, doações e ações concretas para impedir o abandono e maus tratos dos bichos.

A Associação Piauiense de Proteção aos Animais surgiu em 2007 e tem como presidente a veterinária Roseli Klein. Durante esse período já foram adotados mais de 100 bichinhos, mostrando o cuidado que a Associação tem com os mesmos. Há ainda a preocupação com a divulgação das ações da Associação que se dá principalmente através do Orkut, objetivando agregar mais voluntários.

Isabel Santos finaliza afirmando que todos devem ajudar com doações, alimentos para os animais e outros suprimentos, para que a associação mantenha sempre com qualidade o trato com os bichos.

Projetos de saneamento não são levados adiante no Piauí

Tabata Magalhães

Alguns municípios do interior do Piauí já possuem um sistema de limpeza urbano para tratar o lixo de maneira correta. No entanto, por motivos políticos, o sistema nem sempre funciona de forma satisfatória, o que pode levar à desorganização do espaço urbano das cidades.

A professora Maria Lucia Portela, mestra em desenvolvimento urbano pela UFPE, já fez consultoria de saneamento para prefeituras de cidades como Floriano, Água Branca, Joaquim Pires, onde hoje existem programas de limpeza urbana. Porém, segundo ela, os programas criados não estão sendo desenvolvidos conforme o planejado.

“O grande problema é que quando muitas cidades mudam de gestão, a obra que pertenceu ao prefeito anterior não é dada continuidade e o lixo volta a ser tratado de maneira incorreta, sem estrutura de coleta, com utilização irregular do aterro sanitário’, disse Maria Lucia.

Já em outros municípios, os problemas tributários dos gestores impedem a execução do projeto. “Numa cidade do sul do Piauí, os recursos federais para que as obras fossem executadas não foram liberados devido a problemas de ordem fiscal do prefeito anterior. Agora, mesmo o sendo outra administração, o dinheiro ainda se encontra retido”, disse.

Se executadas corretamente, as obras de saneamento permitiriam o desenvolvimento sustentável dos municípios e a melhoria da qualidade de vida dos moradores. “Quando as cidades crescem, elas a atraem mais ocupantes, que geralmente se instalam nas periferias, em áreas de risco, sem água potável, esgoto, coleta de lixo. Por isso, os sistemas fazem com que a cidade cresça dentro do patamar de sustentabilidade e reduza os gastos com a saúde da população”, argumenta Maria Lucia.

Estudo sugere remoção definitiva de moradores da Zona Norte de Teresina

Tabata Magalhães
Fonte: Tabata Magalhães


Diversos moradores da zona Norte ficam desabrigados durante o período de enchentes que castiga Teresina todos os anos. Para evitar que o problema se repita, pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI) apontam, como uma das soluções, a remoção definitiva da população de algumas áreas de risco.

As áreas são referentes ao Poty Velho, Olarias, São Francisco, Vila Mocambinho e Alto Alegre, onde vivem mais de 60 mil famílias. A partir da caracterização das condições sociais e ambientais dos bairros, o estudo, ainda em desenvolvimento, mostra que 39% dessas famílias são atingidas pelas enchentes frequentemente.

De acordo com o coordenador da pesquisa, professor Renato Sérgio Soares, o transbordamento das águas do rio Poti e de lagoas nessas áreas no período de chuvas sempre ocorreu. Porém, com o crescimento urbano irregular e acelerado na região, ele atinge os ocupantes. “As inundações sempre vão acontecer, por isso a remoção dessas pessoas mais atingidas é um dos caminhos ideais para que não ocorram eventos mais graves”, relata o professor.

“Os gestores precisam tomar medidas definitivas, como a construção de moradias em locais seguros. Já a reconstrução das áreas naturais absorveria melhor as águas e diminuiria progressivamente os efeitos das enchentes”, complementou Renato.

Esta e outras propostas serão apresentadas à sociedade e aos técnicos da Prefeitura Municipal ao fim da pesquisa, com a intenção de massificar as informações contidas no resultado e para dar maior suporte as condições habitacionais da capital.

Piauí lança mais três cultivares de feijão caupi

Tabata Magalhães
Foto: Tabata Magalhães

Três novos cultivares de feijão desenvolvidas no Piauí serão lançados em breve no mercado: o BRS Itaim, BRS Juruá e BRS Aracê. De acordo com a equipe do programa de melhoramento genético do feijão caupi da Embrapa Meio Norte, os grãos pretendem atingir os mercados de consumo interno e externo.

O feijão BRS Itaim, do tipo fradinho, é um dos tipos de grãos mais consumidos na Europa e é importado para o Brasil. Já os outros dois são as primeiras cultivares de feijão verde do país. E todos eles devem incrementar a economia do Piauí.

“O feijão do tipo fradinho será aproveitado mais pela agroindústria e será destinado à exportação, devido às características de colheita dele. Já os outros podem ser usados pelos grandes produtores e agricultores familiares como fonte de renda e alimento”, explica o coordenador da pesquisa, doutor Francisco Rodrigues Freire Filho.

Além do Piauí, outros quatro estados se mostraram adaptáveis à plantação desses feijões. As cultivares dos feijões foram testadas em 17 estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A partir dos resultados de produção e adaptabilidade, eles foram recomendados para o Roraima, Sergipe, Bahia, Pará.

Com o resultado, o programa piauiense fechará o ano com mais 20 cultivares lançadas no comércio desde o início do programa. “Com as três novas cultivares, temos a possibilidade de lançar no mercado feijões modificados geneticamente e que apresentam características produtivas, como a resistência, e culinárias melhores”, informou Freire.

Piauienses ganham reconhecimento nacional como amigos da Mata Atlântica

Sanmya Meneses

A Rede de ONGs da Mata Atlântica anunciou, no final do mês de maio, a premiação dos vencedores do prêmio Amigo da Mata Atlântica de 2009. O destaque desse ano foi para dois piauienses: a jornalista piauiense Tânia Martins e o fotógrafo André Pessoa. Eles receberam a premiação pelo trabalho desenvolvido em defesa da Serra Vermelha, chapada com cerca de 460 mil hectares, localizada no Sul do Piauí, próxima aos municípios de Morro Cabeça do Tempo, Redenção do Gurguéia e Curimatá e que abriga um ecótono formado pelo Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.


A Serra Vermelha abriga uma das maiores biodiversidades do interior nordestino e foi considerada pelo Ministério do Meio Ambiente como uma das áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade brasileira

Desde 2006, a jornalista Tânia Martins coordena uma campanha de preservação da região que vem sendo seriamente devastada em função do Projeto de Produção de Carvão “Energia Verde” e outros empreendimentos degradadores que são desenvolvidos na área. Em entrevista, a jornalista ambiental conta como foi ganhar a premiação e fala detalhes sobre o trabalho desenvolvido.


Como surgiu a idéia de trabalhar com a Serra Vermelha?

Ao viajar pelo sul do Piauí observamos que aquela área era severamente atingida pela grilagem e surgiu então a idéia de incentivar e dar apoio as comunidades locais para a criação de uma Unidade de Conservação na região. Desde 2006, realizamos uma série de reportagens que denunciam o crime ambiental mais comum na Serra Vermelha: a devastação da mata para extração de carvão vegetal.

Para se ter uma idéia, essa área é a última floresta de semi-árido em termos de preservação de um ecótono, o que chamamos da junção de dois ou mais biomas em uma região. No caso da Serra Vermelha estão presentes os biomas da Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica.

Foi a partir da publicação dessas reportagens no Portal AZ, e também na Folha do Meio Ambiente, a mais importante e antiga publicação especializada em meio ambiente no país, que iniciamos o nosso alerta para a população e para as autoridades competentes acerca dessa problemática.


Qual foi a repercussão que as reportagens trouxeram na prática para a Serra Vermelha?

As reportagens foram utilizadas em uma ação civil pública através da Procuradoria da República para comprovar a existência de degradação na área. A partir disso o Tribunal de Justiça em Brasília paralisou o projeto “Energia Verde”, conduzido pela empresa JB Carbon, ficando esta proibida de fazer o uso indiscriminado da mata para a produção de carvão. Além disso, houve a abertura de um processo para a criação de uma Unidade de conservação na região e o próprio reconhecimento como área de Mata Atlântica, o que não acontecia até então.


O que o prêmio Nacional Amigos da Mata Atlântica representou dentro dessa luta pela preservação da Serra Vermelha?

A rede de ONGs da Mata Atlântica congrega mais de 300 instituições no país e esse reconhecimento é resultado de um trabalho feito com muito amor e persistência. Juntamente conosco também disputavam o prêmio os atores globais Marcos Palmeira e Letícia Sabatela, que também foram indicados por ONGs parceiras. Entre os vencedores de anos anteriores temos o Bispo Dom Luiz Capio por sua luta em prol do Rio São Francisco, o Movimento dos Atingidos por Barragens por seu questionamento à construção da hidrelétrica de Barra Grande e a ex-ministra Marina Silva por seu empenho pela aprovação da Lei da Mata Atlântica. Nossa luta continua e esse prêmio foi um excelente reconhecimento da nossa luta desde 2006.


Que tipo de conseqüência a degradação da Serra Vermelha pode trazer para o ecótono?

A região da Serra Vermelha é prioritariamente para conservação. Tudo que compõe o essa área precisa necessariamente ser preservado pelo Ministério do Meio Ambiente. Quando as chuvas caem nessa área, a água desce pelas serras e alimenta os lençóis para recarga hídrica, o que não acontece quando o solo se encontra nu. A conseqüência disso é a área da Serra Vermelha se transformar em um grande deserto ao longo de anos de devastação.

Além disso, são diversas as árvores de milhões de anos de existência que estão correndo o risco de desaparecerem. Para a fauna composta pelo maior número de espécie de aves da Caatinga (mais de 200), as aproximadamente 150 espécies de mamíferos e uma infinidade de outros animais, a devastação dessa região traz conseqüências muito sérias para o equilíbrio do meio ambiente.


As autoridades do Piauí ainda são omissas quando o tema é meio ambiente?

Os entraves meramente políticos ainda atrapalham muito a execução de ações importantes, como por exemplo, a transformação da Serra Vermelha em Parque Nacional. O Ministério Público Federal no Piauí quer que sejam agilizados os estudos ambientais necessários para a criação do Parque Nacional da Serra Vermelha, na região Sul do Piauí. Ainda em maio deste ano, o procurador da República Tranvanvan da Silva Feitosa oficiou ao Ministério do Meio Ambiente recomendando a adoção de providências para que os estudos sejam agilizados, a fim de evitar a devastação e desmatamentos ilegais praticados naquela região. A nossa intenção é continuar a luta através de mais denúncias e reportagens para que essa área seja preservada da maneira que merece.

Fatores naturais impedem aumento da produção agrícola no semi-árido piauiense

Tabata Magalhães

Os pequenos produtores do semi-árido piauiense apresentam uma baixa produção agrícola anual de cultivos como os de arroz, feijão e milho. A variabilidade espacial e temporal das chuvas que ocorre na região é um dos principais motivos desse problema com o rendimento das safras.

Segundo Milcíades Gadelha, doutor em Agrometeorologia e diretor de Recursos Hídricos da Secretaria de Meio Ambiente do estado, os fatores da seca e da pluviosidade irregular levam a perca da safra anual no semi-árido. “A produtividade agrícola [do Piauí] é uma das mais baixas do Brasil. A cada dez anos, apenas três ou quatro são de boa safra. No restante, você perde a produção ou por falta de chuvas, ou por excesso delas”, relatou.

Caso a potencialidade de águas superficiais e subterrâneas do semi-árido fosse mais bem aproveitada, as condições naturais da região poderiam ser transpostas. De acordo com o agrometeorologista, a área irrigada no Piauí é de 30 mil hectares, mas o potencial chega a quase 300 mil.

Outra solução seria a ampliação do serviço de meteorologia para estudos e orientações dos agricultores familiares. Porém, o Piauí ainda não está organizado neste sentido. “O estado é carente de mão-de-obra qualificada para exercer os estudos. Além disso, em algumas regiões, como o Rio Grande do Sul, os grandes empresários patrocinam as pesquisas e tecnologia necessárias para o desenvolvimento desse ramo, fazendo um convênio com os serviços de previsão do tempo do Governo. Aqui, ainda não existe essa consciência”, explicou Gadelha.

O desenvolvimento da agrometeorologia permitiria, entre outros fatores, o rompimento da tradição do manejo de subsistência, feito de forma desorganizada, a avaliação dos riscos devido às mudanças climáticas e recomendações para as épocas de semeadura.

Relação custo benefício da energia eólica ainda é obstáculo ao Piauí

Tabata Magalhães
Foto: http://www.piaui.pi.gov.br

O Piauí já começa a trabalhar em projetos para o uso de energia eólica. Porém, os altos custos iniciais para a implantação e a baixa produção de energia podem impedir que o estado utilize mais essa alternativa energética num curto prazo.

Desde o começo do ano, o estado já conta com uma usina geradora de energia renovável e limpa, o Parque Eólico Pedra do Sal. O custo da obra foi em torno de R$180 milhões, com recursos da iniciativa privada, e a previsão para a produção de energia é de 18MW, quando ela estiver em pleno funcionamento.



“Este é um projeto piloto que atenderá a demanda de energia num nível local. Além disso, o KW hora produzido por uma hidrelétrica, por exemplo, é cerca de 15 vezes mais barato que o da eólica”, frisa Magnaldo Sá, coordenador do curso de Engenharia Elétrica da UFPI.

Apesar de os ventos constantes do litoral garantirem uma fonte inesgotável de energia, essa alternativa vai atender inicialmente comunidades isoladas de Parnaíba devido a grande demanda energética da cidade.

Contudo, Magnaldo acredita que a energia eólica é um caminho mundial e a tendência é que as diversas fontes de energia convivam juntas. “Ainda não temos tecnologia suficiente para dizer que as alternativas substituirão em breve as hidrelétricas, por exemplo, mas elas poderão conviver harmonicamente no futuro e suprir a demanda de energia”, conclui.

sábado, 4 de julho de 2009

Estudantes participam de projeto para desenvolver o turismo sustentável

Misael Rodrigues

Com o objetivo de desenvolver projetos para promover o desenvolvimento de condições básicas para o turismo sustentável na região da serra da Ibiapaba, alunos do curso de comunicação social da UESPI fazem parte do Projeto Mosaico. O projeto contempla cidades como Piripiri e Luis Correia e também cidades do Ceará.

Esse trabalho visa a elaboração do Plano de Desenvolvimento Territorial com Base Conservacionista (DTBC), através de diversas ações, como a produção de material impresso e de serigrafia, a realização de seminários para a apresentação do projeto em diversos municípios, bem como a detalhar o perfil das atividades produtivas com potencial para o turismo sustentável, através de um questionário a ser aplicado junto aos principais setores envolvidos nessas atividades.

Essas ações são importantes no sentido de conter as principais ameaças à biodiversidade, como o lixo, o corte ilegal de madeira, tráfico de animais silvestres e a caça predatória. Das cinco unidades inseridas no mosaico proposto, quatro são federais e uma estadual. São elas: Parque Nacional de Ubajara, Área de Proteção Ambiental da Serra da Ibiapaba, Floresta Nacional de Sobral, Parque Nacional de Sete Cidades e Área de Proteção Ambiental da Bica do Ipu.

Senat trabalha Programa Despoluir no Piauí

Denise Cordeiro

Respirar um ar mais limpo é um direito de todos. Pensando nisso foi que nasceu o Programa Despoluir, criado pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) em parceria com o Setut (Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina), Sest/Senat e Cepimar (Federação das Empresas de Transportes Rodoviários dos Estados do Ceará, Piauí e Maranhão).

O objetivo é bem simples: fortalecer a cultura da responsabilidade ambiental entre as empresas brasileiras de transporte rodoviário. E, para isso, as entidades responsáveis distribuem prêmios que incentivem as empresas do setor a criar novos projetos ambientais e renovar suas frotas por carros ecologicamente corretos.

Estruturado em dois grupos de projetos (Grupo A – Projeto Transporte, voltado para melhorar o desempenho ambiental do setor; e Grupo B – Projeto Cidadania para o Meio Ambiente, que busca educar agentes da área para que possam multiplicar a consciência ambiental), o Despoluir trabalha pela redução da emissão de poluentes por veículos automotivos, o incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador e o aprimoramento em gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais de transporte, pelo grupo A e com cursos voltados para taxista, caminhoneiros e trabalhadores em transporte para ampliar a educação ambiental.

“O principal trabalho nosso é de incentivar as empresas na troca da frota por veículos eletrônicos, que por conta de sua precisão em termos de queima de combustível gastam apenas o que é necessário para o veículo rodar, diferente dos veículos antigos, que não tinham a capacidade de avaliar os gastos de combustível com precisão, é melhor tanto para a empresa que gastará menos, como para o meio ambiente que sofrerá menos”, diz Edílson Amorim, coordenador do Programa no Senat, órgão afiliado a Cepimar, responsável pela implantação do Despoluir no Piauí.

Apesar dos avanços em termos de sustentabilidade, no Piauí ainda faltam alguns pontos a serem melhor explorados. Não basta apenas a troca de frota, mas o aprimoramento do combustível usado nos veículos do Estado.

Dados do Senat dão conta de que o combustível usado no Piauí possui uma quantidade elevada de enxofre que causa sérios danos não só ao meio ambiente, quando é liberado, como também à própria estrutura metálica do motor dos veículos. Enquanto aqui proporção é de 1800 ppm (partes por milhão) de enxofre no composto, na Europa a quantidade é de 50 ppm. Nos Estados Unidos o valor chega a 15 ppm e no Japão é apenas 10 ppm.

Apesar disso, nos últimos anos, após a resolução 315 da CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), de 29 outubro de 2002, que determinava a fabricação de diesel e de motores menos poluentes a partir de janeiro de 2009, o valor - de 1800 ppm – encontrado no combustível do Estado já foi reduzido de 2000 ppm e ainda se pretende diminuir mais.

Mas por que não reduzir de uma vez essa quantidade de enxofre? Porque esse componente não é de todo o vilão da história. A viscosidade dele ajuda no funcionamento do motor e substituí-lo não é tarefa fácil, já que o equipamento base de qualquer veículo está acostumado a se mexer com esse tipo de combustível.

E por isso surgiria um outro problema: as empresas, que teriam de reestruturar totalmente sua frota, colocando motores que já fossem adequados às quantidades menores de enxofre, o que levaria a altos gastos. “para contornar a situação, o indicado é que se vá adaptando o motor gradualmente aos novos valores de enxofre até que cheguemos a níveis como os da Europa, Estados Unidos e Japão”, afirma Amorim.

Em relação aos três Estados que fazem parte da Cepimar, o Ceará é o que melhor se sai, tendo resultados de diminuições de emissões de gases consideravelmente mais significativos que no Piauí. Na capital Fortaleza, os veículos circulam com combustível que utiliza 500 ppm de enxofre em sua composição. No Maranhão, esse valore, como no Piauí, varia entre 1800 e 2000 ppm.

Para Edílson, o que falta é um maior compromisso da população em cobrar essas mudanças das empresas “Em termos de meio ambiente falta mais conscientização das pessoas para questões ambientais. Acho que se isso mudar, o mundo pode se tornar menos poluído”, comenta.

A premiação

Para incentivar as empresas a reduzir a emissão de gases na atmosfera e também a se educar ecologicamente a Cepimar premia as empresas que se adequam as regras do Programa Despoluir.

Enviando projetos em defesa do meio ambiente, não necessariamente voltados para a emissão de poluentes, e também trabalhando com veículos menos poluidores, as companhias recebem o certificado de Qualidade Empresa 100% do Programa.

Mas não só as que atingem 100% de adequação às regras do Despoluir são agraciadas com o prêmio. Empresas que atingem 85% dos resultados pedidos também recebem a certificação.

A vantagem de se ganhar o prêmio além de prestar um serviço ao meio ambiente, está na publicidade positiva que as empresas adquirem: com uma sociedade cada vez mais preocupada com as questões ambientais, empresas que tem algum selo qualidade “amiga do meio ambiente” são mais visadas e, consequentemente, mais procuradas.

Este ano, 23 empresas se inscreveram para o concurso, mas apenas sete delas alcançaram às expectativas. São elas: Taguatur, Cidade Verde, Transcol, Expresso Translopes, Guanabara, São Cristóvão e Fretur.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

ONU pede que Japão aumente ajuda contra mudança climática

Fonte: Folha Online

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu ao Japão que aumente sua ajuda aos países em desenvolvimento para lutar contra a mudança climática, informou a agência local de notícias "Kyodo" nesta semana.

Secretário-geral da ONU Ban Ki-moon pede ao Japão que colabore contra aquecimento
Ban, que desembarcou ontem em a Tóquio antes de viajar para Mianmar (antiga Birmânia), disse que o Japão deverá reduzir as emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa no mundo por meio da ajuda financeira e tecnológica aos países mais pobres.

O pedido do secretário-geral da ONU aconteceu durante um encontro com o presidente da Associação de Executivos Corporativos, Masamitsu Sakurai, e outros empresários japoneses.

Ban reconheceu os esforços do governo japonês na luta contra a mudança climática, em referência ao objetivo de reduzir em 15% suas emissões de gases que causam o efeito estufa para 2020, com relação ao nível de 2005.

O sul-coreano pediu ainda ao Japão que demonstre sua liderança na luta contra o aquecimento global e assuma um papel importante na luta contra a mudança climática que se estabeleça quando expire o Protocolo de Kyoto, em 2012.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Consumo Consciente: Economia e conscientização são metas da campanha

Misael Rodrigues

Reduzir o uso de sacos plásticos e diminuir gastos com a produção dos mesmos. Esses são os principais objetivos da campanha Consumo Consciente, realizada pelo supermercado Bompreço.

A campanha se originou da rede Wal Mart, que é o grupo dono do supermercado Bompreço, no inicio de maio, visando conscientizar a população de que o uso de materiais plásticos agridem o meio ambiente. Segundo Lucivania Santos, coordenadora de atendimento do supermercado, por mês são gastos em media R$ 22.000,00 só com as sacolas. De acordo com Lucivania a meta da campanha é reduzir em 10% os gastos com os plásticos.

Um aspecto interessante é o desconto que o cliente tem ao não usar a sacola. A cada cinco produtos comprados são descontados três centavos de cada objeto. Assim o que é gasto com sacos plásticos é revertido em desconto para os consumidores. Como alternativa para reduzir uso das sacolas, o supermercado está oferecendo caixas de papelão e sacolas reutilizáveis.

Ainda de acordo com Lucivania a campanha ainda não teve total aceitação do público, mas ela acredita que com a contribuição de toda a sociedade, o consumo de sacolas plásticas será reduzido.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Pesquisa beneficiará produtores de mel de Simplício Mendes - PI

Tábata Magalhães

Pesquisadores da Universidade Federal do Piauí pretendem aumentar a produção de mel no município de Simplício Mendes, localizado a 416 km de Teresina, a partir da aplicação de técnicas recomendadas para o manejo das abelhas africanizadas, espécie comum na região.

Segundo o orientador da pesquisa, doutor Darcet Costa Souza, as abelhas africanizadas são resistentes às doenças e adaptáveis ao clima quente, mas existe a necessidade de adequação do manejo para que se tenha um aproveitamento melhor da produção. “Boa parte das orientações técnicas para abelhas africanizadas foram aplicadas no eixo sul-sudeste, que é um clima diferente, não tem período seco. É preciso se adequar a tecnologia e colocar isso em teste na região semi-árida do Piauí”, explicou.





O manejo adequado consiste na substituição das abelhas rainhas africanizada, sombreamento dos apiários, fornecimento de alimentação e acompanhamento periódico das colméias. A partir do comparativo entre dois apiários convencionais e dois recomendados, com 20 colméias cada um, é feita uma avaliação da produção. “As técnicas tornam as colméias mais produtivas e as deixam preparadas para a época de ausência de chuvas, que geralmente começa depois dos quatro primeiros meses do ano”, informou o professor.

A pesquisa só será finalizada em 2010, mas, segundo Darcet Costa, ela tem apresentado bons resultados. “Já obtivemos uma produtividade maior nos apiários experimentais. Visto ainda que a tecnologia é de fácil aplicação e rentabilidade, ela é ideal ao pequeno produtor do sertão”, disse.




A partir dos resultados da pesquisa, cerca de 900 produtores da Associação de Apicultores de Simplício Mendes poderão ser beneficiados. “Divulgaremos um documento com os dados para que as técnicas recomendadas sejam utilizadas em campo. Não podemos perder de vista o baixo nível de formação dos nossos produtores, por isso há a necessidade de um trabalho continuado”, concluiu Darcet.

“Projeto da Suzano precisa de mais discussões no Piauí”, diz agrônomo

Tábata Magalhães

A implantação de 160 mil hectares de eucalipto pela indústria “Suzano Papel e Celulose” na região de Nazária está prevista para o próximo semestre no Piauí. Entretanto, o estudo de impacto ambiental proposto pela empresa ainda não convence os profissionais de meio ambiente do estado.

A ressalva é do professor doutor Arnaud Azêvedo Alves, coordenador do curso de Agronomia da Universidade Federal do Piauí e um dos participantes da audiência pública promovida pela Suzano neste mês. “As informações contidas no estudo da STPC Engenharia, responsável pelo projeto, são pontuais e têm um objetivo consolidado. Além disso, a própria Secretaria de Meio Ambiente do Piauí justifica que serão promovidas tantas audiências públicas quanto necessárias para o devido convencimento do Governo”, disse o professor.

Dos hectares de eucalipto que serão plantados, cerca de 50 mil hectares serão em propriedades de produtores, em sistema de consórcio, o que representa, para Arnaud Azevedo, uma área grande e com possibilidade de sofrer impactos ambientais.

“A exemplo do que ocorreu com a produção de cana-de-açúcar em São Paulo, de pastos no Rio Grande do Sul, tememos que a longo prazo o Piauí perca sua diversidade e se torne em um grande ‘deserto verde’, com baixa densidade demográfica e poucas opções para a manutenção de vocações locais como a caprinocultura e apicultura”, relatou.

Apesar dos ganhos financeiros sob a forma de divisas para o estado e a geração de emprego com a instalação da indústria no Piauí, para Arnaud é necessário um planejamento antes da instalação da Suzano. “Precisamos conhecer esta proposta de forma concreta para nortearmos o poder público na tomada de decisões, colocarmos nossas ideias e ouvirmos as dos técnicos, sociedade, legisladores e gestores”, ressaltou.

Veja mais:
http://www.gterra.com.br/empresarial/suzano-investira-us-22-bilhoes-no-piaui-nos-proximos-anos-14383.html

Você sabe o que é feito com o lixo hospitalar de Teresina?

Denise Cordeiro

Teresina é considerada um pólo de saúde para as regiões Norte e Nordeste do país. Maranhão, Ceará, Bahia, Pernambuco e Pará são os Estados que enviam mais pacientes para a capital piauiense para tratamento médico. Com tanta gente para atender, o lixo hospitalar da cidade cresce e as preocupações de como ele é armazenado, coletado e descartado no meio ambiente também.

Seringas, bolsas de sangue usadas, frascos de soro fisiológico, membros amputados em cirurgias. Tudo isso pode conter centenas das mais variadas bactérias e vírus nocivos aos seres humanos e o tratamento despendido a esse tipo de lixo deve ser especialmente observado.


Hospitais e prefeitura nem sempre se entendem quanto à questão de armazenamento e coleta, mas uma coisa é certa: Teresina ainda não possui local adequado para o despejo do lixo hospitalar produzido na cidade.

Apesar de a prefeitura informar que está sendo construído um aterro sanitário especializado para receber o que é descartado pelos hospitais, há muitos anos toda a coleta tem sido lançada em um aterro sanitário que não é o mais apropriado para a situação e a própria prefeitura admite. “Na verdade o que nós temos é um aterro controlado, e não um aterro sanitário, mas este já está sendo providenciado”, diz Marcílio Bona, engenheiro da prefeitura encarregado do aterro sanitário.

A questão da impermeabilização de solo e tratamento do chorume (dentro do lixo vai um líquido chamado chorume, que vem dos resíduos. O líquido vai para uma lagoa, onde passa por uma decantação e vai para uma segunda lagoa, onde é oxigenado para seguir para a estação de tratamento e só depois se encaminhado para os rios) é muito importante. “Por enquanto, nós não estamos fazendo isso. Esse chorume está sumindo através de evaporação e infiltração”, fala Bona.

Segundo ele, as obras do novo aterro precisaram ser paralisadas por causa das chuvas, o que atrasou sua finalização que ainda não tem prazo para conclusão. Por conta disso, a prefeitura tem trabalhado apenas com duas das oito células que serão construídas para o despejo do lixo hospitalar da capital.

Apesar do esforço atual da prefeitura, a existência de um lugar para se despejar esse lixo, por si só, não é suficiente para livrar o meio ambiente de possíveis contaminações. Os hospitais também precisam fazer a sua parte e é aí que mais problemas começam a aparecer.

Conversando com os três maiores hospitais públicos da cidade: Hospital Getúlio Vargas (HGV), Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER) - estaduais - e Hospital de Urgências de Teresina (HUT) - municipal - dizem que cumprem sua parte separando o lixo hospitalar ou biológico do lixo orgânico ou domiciliar, mas, o relatório feito pela prefeitura que discrimina quais instituições de saúde fazem a separação desse lixo nega que o HGV e a MDER façam a separação adequada.

É bem verdade que ambos possuem um abrigo para armazenar os resíduos separadamente até que o caminhão de coleta recolha-os, entretanto, apesar de seguirem as resoluções 358 do CONAMA (Conselho Nacional do meio Ambiente) e 306 da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) - que falam sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências -, todo o descartado pelas instituições fica no mesmo local, e apesar de ser guardado em sacos de cores diferentes, a prefeitura diz que não pode tratar os orgânicos separadamente, pois julga que não sejam discriminados como se deveria e o trata como se fosse todo hospitalar.

“Nós estamos tendo dificuldade porque os hospitais não tem separado o lixo orgânico do hospitalar. E, por considerarmos que ambos vem misturados dos hospitais, o aterro acaba sendo prejudicado, porque quanto mais lixo junto, pior para o solo. Além disso, a empresa também é prejudicada por recolher mais lixo do que nós (a prefeitura) a pagamos para coletar”, comenta Bona, explicando que a gestão municipal para o recolhimento de 80 toneladas de lixo hospitalar, mas a Quálix coleta em média 200 toneladas por dia.

De acordo com o engenheiro, apenas quatro estabelecimentos de saúde da capital fazem a segregação do lixo: Hospital São Paulo, Hospital Casa Mater, HUT e Hospital São Marcos.

Contudo, o HGV e a MDER rebatem as afirmações do órgão municipal. “Desde 2004, quando foi inaugurada a Central de Resíduos com a proposta de atender não só ao HGV como ao Ambulatório, o HEMOPI e o Hospital Infantil, nós temos trabalhado a segregação do lixo entre os grupos A (potencialmente infectantes), B (químico), D (comuns) e E (pérforo-cortantes), além do lixo reciclável. Todos são devidamente armazenados em sacos de cores diferentes. Apenas o grupo C (radioativos) não é tratado porque nós não trabalhamos com ele aqui no hospital”, disse a coordenadora da Central de Resíduos do HGV, enfermeira Odinéia Leite.

Ela ainda acrescenta que os grupos A, B e E passam por um autoclave - aparelho utilizado para esterilizar artigos através do calor úmido sob pressão - e, posteriormente, são levados para o aterro sanitário com um carro próprio do hospital, já que a prefeitura não envia um veículo adequado para a coleta desse material, ou seja, um coletor que não faça a compactação do lixo recolhido.

Perguntada por que a prefeitura considera que eles não separam o lixo, Odinéia fala que talvez falte comunicação entre o hospital e a administração municipal “O caminhão só passa aqui no hospital uma vez por dia. Eles precisariam mandar dois carros diferentes para buscar lixos diferentes em horários distintos. Acho que falta comunicação em relação a isso”.

Para confirmar a fala da enfermeira, a gerente do serviço de higiene e transportes do HUT, Silvete Dourado, conta que é exatamente como Odinéia sugere que acontece no estabelecimento. “O caminhão passa aqui duas vezes por dia (uma de manhã e outra à tardinha) para recolher os lixos domiciliar e biológico, é preciso que seja assim, já que são resíduos que precisam de tratamento diferenciado”, conta.

Sobre esse fato, Marcílio Bona informou que já planeja entrar em contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) para trabalharem esse entendimento entre o órgão e as instituições de saúde.

Mas até que tudo seja devidamente estruturado para evitar danos ao meio ambiente, os erros continuam e a degradação ainda não é controlada como a sociedade gostaria que fosse.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

“Lixo? Eu chamo isso de matéria prima fora da linha de produção”

Sanmya Meneses

Caminhões e pé na estrada. Por vinte anos essas foram as palavras de ordem para o motorista João Marçal de Bezerra. Trabalhando no transporte de garrafas pets e adubos orgânicos, o carreteiro começou a observar a riqueza do ‘lixo’ que ele conduzia.

Levado pela crise no setor de transporte, João Marçal foi obrigado a procurar alternativas para sustento. Com tesoura, garrafas pets e uma boa idéia, o ex-motorista de caminhão transformou o que antes era desperdiçado, em uma forma de ganhar a vida. Desde 2002, ele mantém uma empresa de fabricação de vassouras a partir do reaproveitamento de garrafas pet.

“Eu costumo dizer que essa idéia foi algo completamente inesperado. Já observando o material que eu transportava, resolvi pegar uma tesoura e colocar a ‘mão na massa’. No início foi muito difícil; mas com a prática eu fui entendendo o funcionamento da matéria prima. Hoje, eu utilizo o bisturi no lugar da tesoura, pois os resultados são bem melhores’, conta Marçal.



Produzindo cerca de 150 unidades por dia, o pequeno empresário conta com uma equipe de dois funcionários e mais três pessoas responsáveis pela coleta de garrafas nas ruas, além de dezenas de voluntários que também contribuem para que o trabalho seja realizado. “Uma ajuda bastante importante que eu tenho é da Rádio Pioneira de Teresina. Vários ouvintes me procuram e eu vou até as residências fazer a coleta das garrafas”, ressalta.

Mesmo com essa ajuda a carência de garrafas ainda é grande segundo o microempresário. Os produtos são fornecidos para hospitais, empresas e também para a Prefeitura Municipal de Teresina, totalizando cerca de 3.500 vassouras por mês. Produção essa, que segundo João Marçal poderia ser dobrada caso ele tivesse acesso a mais garrafas de plástico.


CONSCIÊNCIA AMBIENTAL E ECONOMIA

As vassouras de pet chegam ao consumidor final por um valor de R$ 4, 00, o que no bolso significa uma economia de até 50% em comparação as vassouras semelhantes que existem no mercado. Para a empregada doméstica Claudete Silva, as vassouras recicladas são muitas vezes mais eficientes do que as comuns. “Para alguns tipo de serviço, como lavar banheiros, essas vassouras são mais indicadas, e ainda duram bem mais tempo que as outras”, afirma ela.

Mais do que uma forma de poupar dinheiro, a reciclagem é uma ferramenta importante para a sustentabilidade do planeta, mas que ainda é pouco utilizada em Teresina. Segundo o ex-caminhoneiro, algumas visitas ao aterro sanitário da capital o fizeram perceber a quantidade de plástico e de material orgânico que poderia ser reaproveitado. “Eu não gosto nem de chamar isso de lixo, para mim isso é matéria prima fora da linha de produção”, afirma João Marçal.

Uma garrafa plástica pode levar um milhão de anos para decompor-se. Quando o plástico é depositado em lixões, os problemas principais são relacionados à queima ou ao acúmulo do material. O excesso de plástico no meio ambiente altera a decomposição dos materiais biologicamente degradáveis, comprometendo as trocas de líquido e gases necessárias para o processo de decomposição.

O microempresário esclarece que apenas 10% dos produtos comercializados em Teresina têm procedência da reciclagem. Os produtos mais freqüentes são as sandálias femininas da marca Gaúcha, que são comumente encontradas no centro da capital.

Entusiasmado, o empresário afirma que a reciclagem poderia ser uma alternativa para o desenvolvimento do Estado. “Além de empregos, a receita de ICMS (Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviços) gerado pela venda desses produtos iria contribuir para entrada de dinheiro no Piauí”.

Mais do que financeiramente recompensado, João Marçal se emociona ao falar que mais do que dinheiro a reciclagem proporciona que ele tenha diariamente um verdadeiro exercício de ajuda ao meio ambiente.


Fábrica de Vassouras de Garrafas Pets
Rua Gabriel Ferreira 1353- centro. Teresina -PI
Fone : (86) 3081 7274

Aprenda a fazer uma vassoura de garrafas pet



domingo, 28 de junho de 2009

Após a enchente, agricultores aproveitam umidade do solo para plantar novamente

Fonte: Globo Rural

Agricultores da zona rural de Teresina, que tiveram prejuízos com a enchente, estão recebendo sementes para um novo plantio. Eles querem aproveitar a umidade das áreas de vazante para recuperar parte das perdas.

O agricultor Adaildo Braga tem um pequeno terreno na zona rural de Teresina. Em Janeiro, plantou feijão, mas perdeu tudo com as enchentes que em maio destruíram as lavouras e deixaram mais de 60 mil pessoas desabrigadas no Estado.

Agora, é hora de plantar novamente. Como o último período chuvoso foi intenso, na região será possível colher feijão e milho até o final do ano.

A área que foi alagada se transformou em terra fértil. A umidade do solo é o que vai garantir o crescimento da planta, sem depender de chuvas. É a chamada agricultura de vazante.

A distribuição das sementes vai até o fim de junho. Cada família receberá da prefeitura cinco quilos de feijão e três quilos de milho. Na margem do Rio Parnaíba. Sessenta famílias já iniciaram o plantio com as sementes que receberam do governo.

Segundo a Emater, Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Piauí, cinquenta e cinco toneladas de sementes de arroz, feijão e milho já foram distribuídas aos agricultores do Estado. São sementes para o plantio de vazante.


Assista o vídeo abaixo.


sexta-feira, 26 de junho de 2009

Moda ecológica: peças confeccionadas a partir de garrafas pet ganham espaço nos guarda-roupas

Clara Rocha

Preservação ambiental também está na moda. Há algum tempo a moda mundial e nacional já demonstra sinais de preocupação com a preservação do mundo em que vivemos. Desde o ano passado, marcas famosas nacionais, como a Redley e a Osklen desfilaram coleções ecologicamente corretas. Eram camisas, calças, bermudas, mochilas e até calçados feitos com materiais reciclados. Entre eles borracha de pneus velhos, além das peças feitas com fibra de bambu – que tem um processo de crescimento bem mais rápido do que das outras matérias primas – e do algodão que já era plantado e colhido com cores como o amarelo, rosa, vermelho, etc.

Mas a mais nova descoberta e novidade do mundinho fashion e ecológico são as peças feitas com garrafa pet. São blusas, vestidos, bermudas que se transformam em peças confortáveis e maleáveis após passar por um processo que transforma os milhões de garrafas pet descartadas diariamente em roupa. Atualmente marcas de fama nacional e internacional já possuem peças de roupas e outros artigos feitos de pet. Na lista das marcas amigas da natureza estão: Track & Field, Coca-cola, Mizuno, Redley, Rainha, entre muitas outras.

Foto: UOL


No Piauí algumas lojas que revendem as marcas ecológicas garantem que o cliente leva em conta sim, na hora de fazer as compras, o fator ambiental, e que uma linha de produtos ecologicamente corretos vendem até mais que os produtos agressores da natureza.

A gerente comercial Fabiana Matos afirma que os clientes gostam de saber que aquela marca se preocupa com o meio ambiente e muitos ficam até impressionados com a informação de que as peças tão confortáveis são feitas de garrafa pet. “Muitas vezes eu tenho que comprovar para as pessoas de que a peça é realmente feita de plástico, porque as pessoas acham os tecidos muito macios e confortáveis, de nada lembra o plástico”, confirma Fabiana.

Mas apesar das boas vendas, as peças ecologicamente corretas custam um pouco a mais para o consumidor. Enquanto uma camisa comum custa R$80, as camisas pet chegam a custar R$100. A diferença nos valores é explicada pelo processo moderno que transforma o plástico em peça de roupa. Sem contar os outros elementos utilizados na confecção dos artigos, que não são compostos só de plástico, mas também de algodão e outras matérias primas.

Para o consumidor consciente e que quer ajudar o meio ambiente e saber que está vestindo uma peça ecológica, a diferença no preço vale a pena. O estudante Ricardo Martins garante que compensa pagar mais caro por um material natural e que não agride o meio ambiente. “Nem todos podem pagar mais caro pelas camisas feitas de garrafa pet, mas é bom sempre fazer o esforço de comprar um produto que apesar de mais caro, é ecologicamente correto”, completa Ricardo Martins.



Processo

Com quantas garrafas pet se faz uma camisa? Duas! O processo de transformação de garrafas pet em camiseta – que é o tipo de produto mais comumente feito com o plástico – possui três fases. A intenção do processo é transformar o plástico em fibra, para, daí, serem confeccionadas as peças.

Na primeira fase as garrafas são recolhidas nos lixos, são retirados os rótulos e tampas, as garrafas passam por um processo de secagem e, em seguida, são trituradas em pedaços bem pequenos.

A segunda fase do processo consiste em uma fusão a temperatura de 300 graus Celsius e uma filtragem para a retirada de impurezas. Esse processo é repetido novamente em equipamentos que separam o pet em filamentos. Como resultado tem-se uma fibra cerca de 20% mais fina que o algodão.

A terceira e última fase é a estiragem, quando a fibra é transformada em fio e pode ser utilizada sozinha, para confecção de roupas e outros produtos, ao pode ser associada também a outros tecidos, como a seda e o algodão.

No Piauí

No Piauí a tecnologia utilizada para transformar a garrafa pet em fibra ainda não chegou. De acordo com o empresário Igor Leite, proprietário da marca Mundoposto, que confecciona e exporta bolsas, moda praia e roupas para algumas cidades do Brasil e até para o exterior, o aparato necessário para que um processo como esse aconteça é imenso, e por isso, as marcas piauienses ainda não conseguiram atingir esse nível.

“O aparato tecnológico, econômico e também as pesquisas que devem ser feitas para a utilização de um processo como esse, que transforma plástico em fibra para confecção de roupas, é muito grande. As empresas piauienses ainda são muito novas no mercado e ainda não atingiram esse nível de modernidade”, enfatiza Igor Leite.

Entretanto, o empresário afirma que aproveita e recicla o máximo que pode para minimizar os danos ao meio ambiente. “Nós fazemos muitas peças com pachwork, que é a mistura dos materiais que sobram para serem reutilizados em novas peças, e reciclamos o máximo de material possível”, completa o empresário.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Farelo de mamona apresenta grande potencial para a dieta de ovinos e caprinos

Lourdes Pereira

Hoje em dia muito tem se falado sobre o uso da mamona como alternativa para a geração de energia limpa. Mas, apesar da fama repentina da mamona, e não estamos falando aqui dos Mamonas Assassinas, pouco se tem pesquisado sobre o seu potencial para a nutrição animal. Assim, indo na contramão dos adeptos ao bicombustível, pesquisadores de agronomia da Universidade Federal do Piauí têm dedicado esforços para comprovar a eficiência desta planta para a alimentação de caprinos e ovinos, sem esquecer, é claro, da preservação do meio ambiente.

Não é nenhuma novidade que o Brasil apresenta vantagens naturais para a agricultura, mas o Nordeste e nele o Piauí, sofre com algumas limitações climáticas como a irregularidade pluvial. Por isso, planos de incentivos governamentais estão sendo formulados para favorecer o cultivo de oleaginosas adaptadas a estas adversidades visando a obtenção, entre outras coisas, de energia verde.

O interessante é que os subprodutos gerados com a transformação da mamona não estão virando poluentes ambientais e sim fonte de alimento para animais. Favorecendo também o barateamento nos custos de produção, pois algumas regiões piauienses apresentam baixa produção de grãos voltadas especificamente à formulação de rações concentradas, pois normalmente se dedicam a produzir para a alimentação humana.

Da semente da mamona utilizada para extração de óleo é retirado um subproduto, o farelo da mamona. Este farelo, gerado a partir de um processo químico, é normalmente utilizado como fertilizante de alta qualidade. Mas para o professor doutor do departamento de agronomia da UFPI, Arnaud Azevedo Alves, “não é justo transformar em fertilizante, este material que poderia estar sendo usado como alimento”. No Brasil, grande parte do farelo da mamona que é produzido destina-se à adubação orgânica, principalmente, para jardinagem, pois também é fonte de nitrogênio, fósforo e potássio.

Depois de estabelecer as características químicas, nutritivas e a viabilidade para o consumo do farelo de mamona, o trabalho dos pesquisadores agora está concentrado em avaliar as formas mais baratas de desintoxicar este material, já que alguns elementos antinutricionais o impedem de ser consumido em grandes quantidades sem trazer algum malefício à saúde do animal. Algumas pesquisas estão fazendo o processo de desintoxicação por meio de autoclavagem, que é mais ou menos uma espécie de cozimento do material, obtendo-se resultados satisfatórios. Mas ainda assim, este método se mostra pouco interessante do ponto de vista da conservação do meio ambiente e econômico, já que necessita de um gasto considerável de energia elétrica. Para resolver este problema, os pesquisadores ainda estão testando outros processos químicos para encontrar alternativas mais viáveis.


Alimentação

Atualmente, pela sua expressiva produção, o farelo da soja é a tradicional fonte protéica para ovinos e caprinos. Mas os resultados obtidos com as pesquisas podem fazer com que este hábito mude por causa das vantagens que a mamona pode trazer.

O beneficio econômico também pode ser notado quando as contas são feitas. O farelo de mamona possui 30% de proteína e o de soja possui 45%, mas quando consideramos o custo do quilo da proteína vamos encontrar o valor de R$ 0,30 no farelo de mamona e o de R$ 1,10 no farelo de soja. O que no fim das contas resulta que alimentar o seu animal com farelo de mamona sai muito mais barato.

Além dos custos, o desempenho nos animais também foi satisfatório, pois eles obtiveram maior ganho de peso com o composto misturado com farelo de mamona, considerando o mesmo período de alimentação, do que com o farelo de soja. “Quando substituímos o farelo de soja pelo de mamona obtivemos um ganho de peso de 170g” disse Arnaud se referindo as experiências com ovinos.

A ovinocultura se destaca no Brasil, mas as dificuldades com manejos são alguns dos empecilhos enfrentados pelos produtores, principalmente com a nutrição, pois ela é responsável pelo aumento da produtividade ovina e reflete na rentabilidade do sistema de produção. Assim, a dieta de melhor qualidade colabora para que os animais ganhem peso em menos tempo e tenha menos gordura na carcaça, seguindo desta forma, as exigências do mercado consumidor.

A mamona é encontrada facilmente em todo o Piauí e para o agricultor familiar há a possibilidade de produzir juntamente com outras culturas como milho, feijão, etc., a produção deve ser enviada para uma indústria de beneficiamento. E de lá o produto pronto para o consumo é levado para o produtor de ovinos, seguindo desta forma uma cadeia produtiva. Situação não muito favorecida pelo plantíl da soja, que é plantada de forma extensiva e geralmente se restringe à grandes produtores.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Sustentabilidade: quais as vantagens em inserir sua empresa no contexto ambiental?

Denise Cordeiro

A cada dia, mais e mais empresas começam a investir em sustentabilidade social com projetos voltados para a preservação do meio ambiente. Em entrevista, a professora do curso de Economia da UFPI e professora do Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente da instituição, Jaíra Gomes, explica porque é vantajoso para um empreendedor trabalhar a questão ambiental.


Sociedade e empresas

Muitas grandes empresas, de diversos ramos de vendas e serviços, já começaram a desenvolver projetos ambientais - como vender sacolas retornáveis - e junto a isso, desenvolver ações no sentido de receber retorno do seus clientes. Quais são as vantagens para uma empresa em trabalhar com projetos ambientais?

A empresa faz parte da sociedade, e hoje, como você tem toda uma mudança nessa problemática ambiental, então não se pode mais apenas priorizar a área econômica de uma companhia. Em uma sociedade sustentável, a empresa precisa se desenvolver de uma forma sustentável. Isso significa trabalha várias dimensões dessa sustentabilidade, e com isso, a empresa que está vinculada ao lado produtivo e à sociedade, precisa se adequar à essa nova sociedade.

Como você acredita que esta adequação vem sendo feita?

Atualmente, as empresas já começaram a modificar seus processos de produção. Por exemplo: se uma empresa era altamente poluidora, não colocava nenhum tipo de filtro de ar, então ela começa a procurar adequar sua produção a esse contexto.


Legislação

A legislação brasileira tem influenciado na mudança de comportamento das empresas? Como?

Os países constituíram a legislação para que você tenha ações efetivas como multa, taxas, etc, para ordenar empresas que estejam impactando o ambiente de forma negativa. Portanto, as empresas tem esse aspecto de se adequar às leis federais, estaduais e municipais. Além disso, ainda tem o outro aspecto da diminuição dos lucros da empresa que não esteja de acordo com as legislação: se você paga multas por não estar de acordo com a lei, é uma verba perdida.

Apesar disso, não basta elas apenas incorporaram essa nova legislação, mas também essa nova visão da sociedade em relação ao meio ambiente, elas precisam ter uma modificação em termos sustentáveis.


Marketing

Percebemos que atualmente o ecologicamente correto se sobressai na sociedade. Há uma preocupação muito grande por parte da população em mostrar que faz sua parte consumindo produtos biodegradáveis. As empresas também podem levantar essa bandeira como uma iniciativa de marketing, não?

Certamente. Quando se muda em termos de sustentabilidade, a empresa tem uma série de vantagens, no sentido de que elas tem uma boa imagem, a questão do marketing da empresa, de como a sociedade a vê. Isso é muito importante.

Então hoje, inclusive, você vários institutos mundialmente e aqui no Brasil que premiam essas empresas de acordo com os projetos por elas organizados, e isso é mostrado à sociedade que passa a ver essa empresa com bons olhos, e essa mesma empresa se torna conhecida por sua responsabilidade social e ambiental.

Portanto, não se pode mais apenas se preocupar com o lucro, existem diversas áreas para onde ela deva se voltar, porque o modo como a sociedade vê essa empresa, a lucratividade dela vai melhorar ‘Ah, eu vou comprar produto da empresa X porque ela trabalha em prol do meio ambiente’.

As pessoas vão comprar de uma empresa ecologicamente correta.


Incentivos

A mudança de postura de certas empresas em adotar maiores cuidados com o meio ambiente também pode ser atribuída a benefícios financeiros por parte do Estado?

Existem os incentivos fiscais dados pelos governos como concessão de ICMS e/ou isenção de outros tributos, além de dar infra-estrutura para empresas que vão trabalhar projetos de desenvolvimento sustentável. Os ganhos hoje para aquelas que trabalham dessa forma são variados. Ela também ganha competitividade e pode ter ampliação de seus produtos, ampliação de mercado, à medida que os consumidores passam a enxergá-la como uma empresa que se preocupa com o meio ambiente.

Hoje as empresas tem em seus organogramas, um setor voltado para meio ambiente, onde vai se trabalhar essa questão. Elas tem investido em tecnologias e procurado inovar dentre dessa ótica, baseada em tecnologias que diminuem água, energia, e reutilizam produtos que seriam descartados. Elas procuram retirar o mínimo possível desse meio ambiente como também procuram devolver o mínimo possível que possa degradar esse ambiente.


Âmbito Social

Como você acredita que se deu essa mudança? Foi a sociedade que exigiu mudanças nas empresas, ou foram as empresas que fizeram a sociedade mudar sua visão “ambiental”?


Nem um, nem outro. A empresa faz parte da sociedade, e se a sociedade muda ela tem de mudar com ela. A sustentabilidade é uma atividade rentável. Se não fosse, tantas empresas não investiriam nisso. Além de ganhos financeiros, elas podem ter ganhos de marketing e incentivos. Investir na área ambiental é um processo com retorno garantido.


As empresas e suas experiências

Empresas como os Grupos Claudino e Carvalho são exemplos de rentabilidade. Para a rede de supermercados Carvalho o ano de 2008 foi de importantes mudanças no quesito gestão ambiental. Com o intuito de diminuir os danos causados ao meio ambiente através do lixo, o Grupo Carvalho dedicou atenção especial à coleta seletiva.

O processo de coleta e seleção do lixo, feito por empresas terceirizadas que recolhem e promovem a reciclagem do material, separando o lixo orgânico, latas, papéis, metais e vidros, evitou o desperdício de toneladas de materiais que puderam ser reaproveitados.

Dessa forma, além de livrar o meio ambiente desses resíduos, a iniciativa promoveu a geração de emprego e renda para centenas de pessoas e, consequentemente, uma visibilidade maior em termos de marketing para a empresa.

Em relação aos consumos de água e de energia elétrica, foram desenvolvidas metas de redução e a conscientização dos funcionários para o uso racional desses recursos, além da utilização de telhas transparentes, fonte limpa de energia – que aproveita a luz solar – nas filiais recentemente construídas, o que gerou lucros financeiros à empresa.

Ainda visando à minimização dos efeitos nocivos do plástico ao meio ambiente, o Carvalho passou a oferecer aos seus clientes as bolsas “biobags”, feitas em algodão, que substituem as sacolas plásticas nas compras de menor volume.

Já o Grupo Claudino não ficou de fora da “onda ambiental”. Restos de materiais utilizados para a produção de colchões, estofados, que deveriam ser jogador fora são reaproveitados, parte refazendo a matéria-prima e parte vendidos para empresa recicladoras desse material, o que influencia na área financeira da empresa.

Desenvolvido em 2002/2003, com o projeto “Sinal verde para a natureza” a empresa cresceu muito. Quando as fábricas foram ampliadas, desmatamentos ocorreram na área para dar espaço aos novos empreendimentos. Para compensar as perdas de vegetação no local, foi feito um programa de educação ambiental com os funcionários e os filhos dos funcionários, onde todos plantariam uma árvore nos terrenos da empresa.

Nessa época, também se iniciaram os projetos de coleta seletiva: todo plástico, papelão e boa parte da sucata que ia para o aterro, nós começou a ser vendido para empresas especializadas em reciclagem.

“Nós investimos em coletores, palestras educativas para os funcionários, mas tivemos um grande retorno. Só no ano passado, cerca de 130 toneladas de resíduos não foram enviados para o aterro”, disse Fabrício Sá, supervisor ambiental da Socimol, empresa do Grupo Claudino.

“A gente tem que transformar o que seria desperdício em oportunidade. Se a gente economiza energia, então é bom pra gente e é bom pro meio ambiente”, concluiu.


Educação Ambiental

O Sebrae também trabalha com seus micro e pequenos empreendedores essa visão ambiental. Segundo a assessoria de comunicação do órgão, vários projetos sustentáveis são repassados aos empresários e diversos trabalhos existem na área, no entanto, os responsáveis por estes projetos não puderam conceder entrevista à reportagem, pois não se encontram em Teresina.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Especialistas dizem que a divulgação é a chave para um mundo ecologicamente correto

Denise Cordeiro

Com a crescente necessidade de cuidar do mundo em que vivemos, a sociedade cobra cada vez mais das empresas que elas estejam adequadas às questões ambientais. Mas, será que todos sabem o que é necessário para se adequar a um mundo ecologicamente corretro?

De acordo com o advogado José Augusto Carvalho, especialista em Direito Ambiental, não. Para ele ainda falta uma maior divulgação para que o cidadão saiba o que é preciso para recorrer à questão de licenças ambientais.

Segundo Carvalho, há um grande conflito entre o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o Governo do Estado do Piauí sobre a questão de licenças ambientais, pois ainda não existiria um limite real sobre a atuação dos governos Federal e Estadual, e os dois órgãos acabam entrando em conflito por conta disso.

“Nem sempre que tem mais poder pode mais. Nós não precisamos de conflitos e sim de uma fiscalização mais efetiva e que nossos organismos sejam mais transparentes possíveis”, comentou.

Já para o Ibama, o principal problema não está na compreensão das empresas, mas no tempo que uma licença ambiental demanda para ser emitida, como explica Gildênio Rodrigues, analista de licenciamento do órgão. Ele fala que os empreendedores não querem esperar, pois, em vários casos, pode levar até um ano para que seja feita a primeira audiência pública. “Essa pressa pode causar danos irreparáveis ao meio ambiente”, disse.

“A sociedade e as empresas ainda não entendem os motivos dessa demora, acham que a burocracia apenas dificulta a emissão, mas isso não é verdade. O que acontece é que vários estudos são feitos em cima do projeto de cada solicitação. Nós avaliamos o impacto ambiental em todos os ângulos e isso demanda tempo”, esclarece Gildênio.

Mas, em um ponto, advogado e analista concordam: para que tudo seja mudado, é preciso a intervenção da mídia. “Quando a sociedade compreender de fato o que é preciso para que façamos o nosso trabalho, é que ela vai começar a realmente ver a necessidade de todo o tempo que levamos para emitir uma licença, e para isso acontecer os jornalistas tem de ser os primeiros a mostrar esse trabalho”, comentou Rodrigues.

E não são apenas eles que acreditam nisso, Edimilson Carvalho, coordenador do Núcleo de Fiscalização do Ibama, também concorda com a necessidade de uma maior divulgação, afinal, grande parte dos casos de ilegalidades cometidas como contrabando de animais silvestres e madeira são detectados a partir de denúncias feitas pela sociedade.


O tráfico

A mídia, por si só, não pode fazer milagres, existem outros pontos que precisam ser melhorados em termos de fiscalização. Segundo Edimilson, falta contingente de fiscais para um trabalho mais efetivo. “Nós temos o apoio da Polícia ambiental e da Semar (Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos), mas ainda assim é difícil”, fala.

O coordenador disse ainda que existe outro entrave: a fiscalização no Maranhão não consegue deter boa parte dos casos de contrabando, o que acaba tornando o Piauí uma rota para o tráfico ambiental. “Em cidades como Curimatá e Coelho Neto o tráfico tanto de animais como de madeira vem passando sem muitos problemas e isso dificulta o nosso trabalho aqui no Piauí”, conta.


As punições

No Piauí, o órgão responsável por finalizar a fiscalização e autuar as empresas é a Curadoria do Meio Ambiente, braço do Ministério Público, que acompanha todas as atividades que possam intervir, causar impacto, no meio ambiente.

“O Mistério Público faz uma fiscalização do licenciamento ambiental no cumprimento das medidas que os empreendedores se responsabilizam em tomar para minimizar o impacto ambiental”, explica a promotora de Justiça, Cléa Cristina Fernandes.

De acordo com ela, o MP acompanha o licenciamento através dos jornais diários e a partir de denúncias que são feitas pela comunidade que são encaminhadas por órgãos públicos e a partir disso, são instaurados procedimentos investigativos ou inquéritos civis, dependendo do caso.

“A importância do licenciamento é para que nós atinjamos um modelo desenvolvimento sustentável, ou seja, a atividade econômica tem de se aliar com a proteção ao meio ambiente, pois é direito de todos viver em um meio ambiente ecologicamente equilibrado”, comenta.


Licenciamento ambiental: o que é?
Fonte: Ibama

O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente e possui como uma de suas mais expressivas características a participação social na tomada de decisão, por meio da realização de Audiências Públicas como parte do processo.

Essa obrigação é compartilhada pelos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente e pelo Ibama, como partes integrantes do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente). O Ibama atua, principalmente, no licenciamento de grandes projetos de infra-estrutura que envolvam impactos em mais de um estado e nas atividades do setor de petróleo e gás na plataforma continental.

As principais diretrizes para a execução do licenciamento ambiental estão expressas na Lei 6.938/81 e nas Resoluções CONAMA nº 001/86 e nº 237/97. Além dessas, o Ministério do Meio Ambiente emitiu recentemente o Parecer nº 312, que discorre sobre a competência estadual e federal para o licenciamento, tendo como fundamento a abrangência do impacto.

A Diretoria de Licenciamento Ambiental é o órgão do Ibama responsável pela execução do licenciamento em nível federal. A Diretoria vem realizando esforços na qualificação e na reorganização do setor de licenciamento, e disponibiliza aos empreendedores módulos de: abertura de processo, atualização de dados técnicos do empreendimento, solicitação de licença, envio de documentos e boletos de pagamento de taxas do licenciamento em formato on line.

Pretende-se que o sistema informatizado agilize os trabalhos e as comunicações inerentes ao processo de licenciamento e permita maior visibilidade e transparência para os processos de licenciamento em tramitação no Ibama.


Um caso de discordância

Um caso a ser comentado se refere à carcinicultura (criação de caranguejos) na região de Luís Correia, litoral piauiense.

Uma instrução normativa do Diário Oficial da União proíbe a captura, o transporte, o beneficiamento, a comercialização e a industrialização do caranguejo-uçá, durante os dias 21 a 27 de janeiro¸ 18 a 24 de fevereiro e de 20 a 26 de março.

O período da proibição corresponde ao intervalo de tempo em que se dá o fenômeno conhecido como "andada", em que os espécimes machos e fêmeas saem de suas tocas e andam pelo manguezal para o acasalamento e liberação de larvas.

A cata do animal é muito mais danosa ao meio-ambiente neste período, já que a captura dos caranguejos em fase de reprodução desestabiliza o ciclo de vida da espécie e põe em risco o sustento de milhares de famílias cuja renda se baseia na comercialização e na cata dos animais.

Em janeiro de 2009, no litoral do Piauí, a falta de caranguejos nos locais de venda foi percebida. Os proprietários de bares e restaurantes tiveram o dia 12 daquele mês para informar os estoques disponíveis, mas vários deixaram comunicar a quantidade de caranguejos que tinham. Quem não informou o estoque teria de pagar multa que pode variar de R$ 700 a R$10.000, dependendo da quantidade de estoque disponível.

Para a fiscalização do local, tribunais superiores determinaram que o Estado seria o responsável, no entanto, o Ibama interveio e acabou fazendo novamente a fiscalização na área.